domingo, 3 de outubro de 2010

hoje chovo

daqui
não sei quem foi que inventou que chover é um daqueles verbos intransitivos, impossíveis de conjugar na primeira - ou em qualquer outra - pessoa. eu hoje chovo e não me interessa a gramática. chovo como chove lá fora, com a mesma cadência da água que o céu nos envia, o mesmo murmúrio de pingo, até o cinzento da mancha é o mesmo que vejo a cair sobre a relva, a humidade rasa-me a pele, sou molhada dos pés à cabeça.
chover e chorar são coisas diferentes e é por isso que digo que
 hoje chovo.
ontem chorei, é verdade, mas hoje chovo como um verdadeiro dia de outono que sente o vento a libertá-lo das folhas mortas das árvores, deixando que os ramos despidos revelem a sua nudez.
talvez já me prepare para o inverno, ou então é apenas a liquidez do amor a tomar conta de mim e não há nenhum desespero nessa entrega.
apenas a confirmação de que passamos pelas estações, aceitando não só o que cada uma nos traz, mas também o que (nos) leva.

7 comentários:

  1. do tanto que temos por chover

    arco-íris

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  2. Estou chegando do blog do António, Inês!
    Confesso que mergulhei nos seus textos, senti-os no coração e amei!
    Virei sua fã...estarei por perto sempre, participando do processo.
    Um beijo doce.
    Astrid Annabelle

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  3. Chover-se. hehe, somos natureza, seus fenômenos.

    Nossa, António tem razão em fazer uma postagem pra ti.

    Parabéns pelo espaço. Lindo!

    Voltarei mais vezes com certeza.

    Beijos e ótima semana.

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  4. A Astrid e o Saulo por aqui! Que bom! Os anjos chegaram e abriam a Lacrimosa e fomos regados com a água. Bendita água.

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  5. O António Rosa é o grande "culpado" desta reunião ...
    Como disse noutro comentário, o seu "olho cirúrgico" não falha!!

    Abraço-os a todos.

    Filomena

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  6. que bom, então, haver um 'culpado'... que nos liga em rede.

    beijos em link para todos :)

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