terça-feira, 23 de novembro de 2010

a human(a)idade dos porquês

daqui
seja aos quatro, aos sete, aos vinte, aos trinta e cinco ou aos quarenta, aos cinquenta e um, sessenta e sete , setenta e oito, oitenta e três, noventa e quatro ou cento e dez, esta é mesmo aquela idade em que andamos iludidos a querer satisfazer porquês. e, sim, cheguei a achar que seria um  bom nome aqui para o blog e que de 'porque isto' e 'porque aquilo' em 'porque assim' e 'porque assado' lá chegaria, senão a uma resposta inequívoca, a outras tantas explicações mais ou menos convincentes... tão querida, eu, na humana idade da razão, absolutamente convencida de que humanizar as dúvidas seria meio caminho andado para universalizar porquês! afinal, foi assim que me ensinaram, a mim e a quase toda a gente. que tudo tem porquê  - como se tudo não fosse já aquilo que É, sem precisar de explicação.
e, então, já há uns dias que troquei a human(a)idade dos porquês pela varinha de condão. sete traços, uma estrela, oito bolinhas que não chegam para fazer essa magia de só ser, sem humana idade alguma e sem porquês, mas que dão um ar mais leve à 'coisa'. e a 'coisa', que é o blog, neste caso, é para ser. sem explicações e sem porquês.

pois foi. andei uns dias sem escrever e dei por mim pré-ocupada, a pensar que o néon devia ser diariamente alimentado e a consumir-me por não ter o que dizer e - lá está - a perguntar 'porquê?' 'porquê?' 'porquê?', como  se pudesse haver explicação para não ter inspiração, ou como se o simples acto de escrever me pudesse dar resposta a alguma coisa, para além daquilo que cada coisa É.

já repararam que os porquês só aparecem quando alguma coisa empanca? por exemplo, de manhã, quando o carro não funciona. 'mas porque é que não funciona?!' quando funciona, alguém pergunta 'ah, mas porque é que funciona'? é. só queremos saber porquê quando cremos que o que É devia ser de outra maneira ou outra coisa. mas porque é que há tanta guerra? porque gostamos mais da paz, é evidente. mas porque é que ele ou ela já não gosta mais de mim? porque queremos que ainda goste. mas porque é que fizeste isso? porque achamos que não devia ter feito. mas porque é que ele morreu cedo? porque, acreditamos, não é suposto morrer novo... e seguia por aí fora a dar exemplos.

e assim vamos andando. de porquê em porquê e em porquê, sempre à cata de ilusões. de  'porque assim' em 'porque assado', pondo aquele ar muito sério de quem sabe muitas coisas, dando muitas explicações. e 'porque isto' e 'porque aquilo' e 'porque eu sei' e 'porque eu acho' e todos, afinal, da mesma idade, humanamente imbuídos de razão, mas recusando a evidência de que tudo É aquilo que É, sem mais porquês.

AGORA, por exemplo, É o que É. a não ser que eu resolva complicar e começar a perguntar 'mas porque é que em vez de eu estar aqui a escrever este blá blá não vou mas é para a cama?' e lá vinha um grande rol de explicações atrapalhar o meu AGORA... e ele É tão maravilhoso que eu quero lá saber porquê!...

6 comentários:

  1. São as dúvidas e os questionamentos que impulsionam a humanidade.

    Cristina Rios

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  2. Pois que seja este o nome do blog que no link lá de casa aparece como se estivesse escrito em japonês.
    Então foi um por que que me trouxe aqui agora!!!!
    rssssssss
    Sonhe com os anjinhos!
    beijo doce
    Astrid Annabelle

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  3. Cristina, como em tudo e com tudo, as dúvidas e os questionamentos impulsionam... e atrasam. quantos passos damos para trás sempre que ficamos reféns das nossas dúvidas? e, sim, quantos damos para a frente, quando queremos saber mais?...

    um beijo

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  4. querida Astrid,

    maravilhoso japonês esse que a trouxe até aqui :))

    um beijo

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  5. talvez só SER, chegue <3
    e então não haja recuos nem impulsos...

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  6. Gosto muito do É o que É, sem porques. Acho que todos o devíamos praticar mais, eu vou tentar...bjs grandes

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