quarta-feira, 17 de novembro de 2010

divagar rumo à infelicidade

daqui
as pesquisas valem o que valem e o que a ciência hoje valida pode muito bem já não ser válido amanhã. mas se o que interessa é o AGORA - como todos estamos fartos de saber e, mesmo assim, tantas vezes nos esquecemos - um estudo conduzido por dois psicólogos da Universidade de Harvard demonstra, numa base científica, por que razão viver fora do AGORA faz de nós seres infelizes.
Matthew Killingsworth and Daniel Gilbert chegaram à conclusão que só 4,6 % da nossa felicidade, num determinado momento, pode ser atribuída à actividade específica que está a ser realizada nesse mesmo momento. e, como momentos de extâse do AGORA, os psicólogos destacam o sexo, o exercício físico e uma boa conversa... e concluem que 46,9% do nosso tempo é passado a divagar... (desconfio que foram um bocadinho simplistas, os senhores psicólogos, e que na amostra de voluntários para o estudo não se encontravam pessoas que, para além do sexo, do exercício físico e das conversa, também fazem outras coisas que as mantêm no AGORA, mas adiante...)

deixando a ciência e os estudiosos de lado, e olhando para as nossas vidas de frente, tudo isto é tão verdadeiro que ninguém terá como negá-lo. muito do nosso tempo, se não a maior parte, é consumido em nostalgias e saudades do passado e outro tanto em projecções e expectativas para o futuro. todos, sem excepção, cantarolamos, à laia de fado, a música do António Variações. 'porque eu só estou bem aonde não vou, porque eu só estou bem aonde não estou.' 
num livro que ando a ler, há um pesonagem que diz que 'só recordamos o que nunca aconteceu'. e eu acrescento: 'só projectamos o que nunca irá acontecer.' entre uma e outra, então, entre a recordação e a projecção, entre o passado e o futuro, o que é que sobra? o AGORA, pois está claro, que tantas vezes não é mais do que um PRESENTE envenenado! venham os psicólogos que vierem, os Oshos e os Eckart Tolle e os Deepak Chopra da vida iluminar-nos com as suas teorias do AGORA... se AGORA, neste preciso momento, não formos capazes de estar no AGORA, o AGORA passou e no AGORA seguinte continuamos lá atrás, ou lá à frente, divagando pela infelicidade, recordando o que nunca aconteceu, projectando o que nunca irá acontecer.

sim, sim. falar é o mais fácil - já todos o sabemos e falamos todos muito... quantas vezes, sabendo  e dizendo isto tudo que escrevo, eu própria não passo dias inteiros lá atrás e dias inteiros lá à frente? mas depois há aqueles dias, como o de ontem, por exemplo, em que fui feliz em cada AGORA e descobri como, afinal, fazer é mais fácil do que parece... se a nossa mente é tão capaz de divagar, também tem de ser bem capaz de se focar. de se centrar. 
a acreditar no estudo, se em 46,9% do tempo divagamos, é porque sobram 53,1% para nos focarmos... e 53,1% de AGORA não me parece nada mau... sendo que é sempre e só de cada um de nós que depende aumentar ou baixar as percentagens e o resto... o resto é blábláblá... sendo, porém, verdade que este blábláblá que aqui fica a boiar foi um AGORA em que só estive aqui, sem recordar nem projectar coisa nenhuma. e que AGORA, que já é outro AGORA, vou ali... arrumar umas tralhas e assim :)

3 comentários:

  1. Por isso é bacana ter a consciência de que podemos operar na eternidade, livre do tempo e do espaço! E isso é mais fácil do se supõe.Fazemos e não percebemos!!!
    Beijos
    Astrid Annabelle

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  2. É bem verdade que muitos de nós vivemos o ontem e o amanhã... e o hoje é só mais um dia chato que nunca mais passa...

    Não deviam ter inventado o relógio e o calendário... :P

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  3. agora estou a gostar de aqui estar a ler o que tanto escreves...
    fazes imensas pesquisas e "encontras" seres ótimos de se "ouvir"...
    obrigada amiga pelo trabalho que me poupas...
    agora, gostei, viu?!

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