quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

só a mim posso pedir que me dê tudo

é de mim e só de mim que não posso e que não quero: 
desistir.



tudo o resto é perene e passageiro. só eu perduro, numa essência que me é própria e sobrevive a qualquer estrago da matéria. é de mim, e só de mim, que não posso prescindir. só a mim, e a mais ninguém, que concedo o privilégio de ocupar todo o meu centro e daí, benignamente, irradiar para o mundo inteiro. ou então sombriamente, porque em mim também há sombra, a escurecer rente ao luar, mas sem me tornar minguante.

em mim estão a que chega e a que parte, a que agarra e a que liberta, a que expande e a que retrai, a que cria e a que destrói, a que acorda e a que adormece, e sou sempre eu que me convoco a cada instante, na frequência que escolher: mais para baixo ou mais para cima na espiral do infinito, onde o fundo é lá no fundo e o céu muito acima deste seu cume visível.

só eu escolho a quem me entrego, onde me enrolo, com quem me dou, quando é que rio, como é que choro, porque me engano, que trilho sigo. e nem sempre isso quis dizer que me entrego a quem me acolhe, que me enrolo onde é macio, que me dou com quem devolve, que me rio quando há motivo... às vezes choro e esqueço tudo, até que os olhos são os meus e que só molham o que eu escolho que  me magoe. quando me engano, só me engano se insistir que o erro é mau e que não tenho esse direito e surgir culpa. e quando o trilho desemboca num abismo, fui sempre eu que escolhi a visão sobre as vertigens, em vez da orla no meu corpo de
mulher

é de mim que me demito, quando cedo ao que é alheio, a mim que traio quando pactuo com uma mentira, só de mim pode vir esse consolo de sentir que sou inteira, só em mim posso encontrar o que procuro e que, afinal, não é nada que não seja desde sempre a minha essência. sou eu que vibro, é em mim que pulsa a vida, foi minha a escolha de me ter dado este nome e a forma humana do amor: carne e sangue que só doem quando há medo. 

é a mim, e só a mim, que devo tanto,  
só a mim posso pedir que me dê tudo.

7 comentários:

  1. Querida Inês,
    Depois destas palavras deliciosas é impossível não amar-te. Obrigado por seres tu.

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  2. Inês,lindo mais uma vez!
    Não posso deixar de observar que o Henrique retirou o seu comentário. Ainda bem, porque eu ontem li-o e pensei, quem lê os textos da Inês (excepto o Henrique pelos vistos) não está preocupado se ela vive ou se comporta tal como escreve, mas sim com a mensagem que passa e com o efeito que tem dentro de cada um.
    Posso dizer que muitos dos textos me fazem reflectir na MINHA pessoa e olhar para dentro de MIM e isso é bom, muito bom.
    Obrigada Inês por tudo o que me transmites.
    bjs grandes
    teresinha

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  3. isso é k é preciso e é mto bom, Teresinha dos bons bolos :-)
    k cada 1 trate e saiba de si, conforme a sua consciência e coerência!
    qto ao meu post, era apenas e já seguiu directamente pra destinatária. esteve aqui 1 tempo, sim senhora mas depois mudei de ideias k todos temos direito. viu quem viu e quem tinha k ver, pq tudo tem 1a razão de ser e entende como for capaz... e então viva a liberdade, o contraditório e o k é <3
    ah: e bjs :-)

    P.S.: como eu dizia no meu 1º post, tb gosto mto deste e de mtos outros textos da Inês: neste espaço terapêutico k'ela inventou e mto bem.. onde conta as suas estórias, intenções e projecções ou ilusões.. mas vou gostar + ainda, qdo e à medida k ela os for pondo em prática. E eu também e quem + quiser ou for capaz..

    e tudo giro <3

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  4. Inês,

    Linda mensagem. Directa e verdadeira consigo mesma. Gostei muito.

    Beijo. A.

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  5. Inês,

    Lindo texto... simples, sincero, verdadeiro e mostra o que é ter consciência de si...isso é maravilhoso!
    Vou compartilhar.
    bj

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