no Domingo passado, quando escrevi que nunca mais voltei à Capela do Rato, estava a mentir. de facto, voltámos lá os dois em Abril, a clarabóia no tecto era a mesma, estava um dia de sol e a luz era a pique que entrava por ela, não nos sentámos nos degraus do altar, mas nos lugares das pessoas crescidas. foi um alívio tão grande ver que, em vez do Cristo pregado na cruz, havia agora um paínel com uma pintura de flores e que a viola do Pepe era a mesma e que ambos sabíamos, ainda, as canções, e foi bom termos estado os dois de mão dada, durante a homilia que já não me lembro do que foi que falou, mas que calculo que fosse inspirada, como as homilias do Pe Alberto.
a seguir fomos para casa e deitei-me na relva...
hoje voltei a sentir esse milagre de haver amor e bondade no mundo, ainda que nem sempre saibamos como é que ele se dá, nem como, nem onde. mas voltei a senti-lo, esse milagre do pão e do vinho que se transformam no corpo e no sangue de Cristo, voltei a sentir-te na minha carne e que estamos unidos em espírito.
onde é que isso nos pode levar ainda não sei. como te disse outro dia, não prevejo um cais de chegada - nem para nós, nem para ninguém nesta Terra - onde um dia atracamos o barco e para sempre ficamos a salvo das tempestades do mar, mas uma rota que vamos traçando ao sabor de marés e correntes. pode até ser que, um dia, o meu barco rume para norte e o teu se aventure a caminho do sul e, mesmo assim, o céu debaixo do qual navegamos seja um só e o mesmo, pintado de azul ou de outra cor que no momento possa compor a paisagem mais certa.
pode ser tudo e tu sabes. pode ser nada, e também sabes. sabes, até, que aquela história, de três capítulos, de eu ter metade da tua idade e tu o dobro da minha e de nos sentarmos os dois, nessa altura, nos degraus do altar da Capela do Rato foi um só 'romance' de escrita.
a verdade é que a nossa história se vai inscrevendo dentro de nós e revelando o silêncio que nenhuma palavra sabe dizer.
é por isso em silêncio que hoje agradeço - de novo - esta fé de que não há como não crer na alegria benigna da luz, não há como não querer a redenção natural de todos os seres através do amor.
Inês,
ResponderEliminarqueria dizer-lhe: estou rendida. Mas, que importância pode ter? Será sempre um aquém das emoções soltas na leitura..
Ultimamente tenho lido tantos, mas tantos textos realmente iluminados, que só posso dar Graças a Deus por conduzir os meus passos até estes blogs inspirados.
...e,
graças ao querido António Rosa que os selecciona com o seu "olho cirúrgico" e divulga grande parte por aí!!
Um grande abraço,
Filomena
também lhe chamam 'olho de Shiva' :)
ResponderEliminarum beijo Filomena, e obrigada pela Presença.
Sim, "olho de Shiva", olho de Hórus", são designações mais adequadas!!
ResponderEliminarTudo de bom,
Filomena