segunda-feira, 22 de agosto de 2011

'abri a arca sem saber'

leu, nessa altura, míope com o tamanhinho das letras, as pupilas dilatadas pela grandeza do talento. e então soube que não ia mais voltar aqui e que assim como guardou, durante anos e anos, 'viagens, homens, retrocessos', assim irá ficar guardado aquilo que não é mais secreto. já todos sabem, repeti-lo é cansativo. ser a pessoa singular da sua história é cansativo. tanto faz se usa o tempo no presente ou se o conjuga no passado, não há futuro mais que perfeito a não ser que não exista e então é isso mesmo: 
a descoberta.
a despedida. 
diz-se adeus e não tem pena. o que está naquele baú é igual ao que flutua por aqui, virtualmente. e alguém abre sem saber, abre sem crer, e lê aquilo que quiser ler. 'viagens, homens, retrocessos.' não tem mais nada para dizer sobre si própria e a partir daqui é livre para escrever sem o 'eu' que, tantas vezes, a atrapalha. 
a gosto, acabam-se os porquês. a humanidade quer é espanto e não respostas. e em setembro - a haver setembro - comemora aquilo que já sabe que gosta, aquilo que gosta de fazer, e agradece.
a ela, 'as coisas em que se pensa sempre' e os 'livros interditos'.
a ele, o perdão que lhe pediu sem arrogância e as férias grandes.

and this is...


domingo, 21 de agosto de 2011

passo a passo

eis que se acerta o movimento de tentar mais uma vez entrar cá dentro e mudar de sítio as coisas que aqui estão há tanto tempo. a infância cristaliza a tal ponto as emoções que ao lá voltarmos, já crescidos, e como quem vai de visita, não queremos reconhecer-nos, muito menos abraçar-nos, não vá tudo o que deixámos lá para trás trazer de volta o que sentimos nessa altura, na maior parte das vezes sem que houvesse explicações. 

eu, por exemplo, sempre que volto aos pinhais e que me sinto cansada, opto por sentar-me um pouco e nem me passa pela cabeça ir pedir colo ao meu pai. pedi tanto, e tantas vezes, e de todas ouvi tanto 'tem perninhas é para andar', que me fui fazendo à estrada com a imagem do meu pai sem colo para mim. e nem o facto de hoje saber que isso é mentira - tenho uma lista que o prova, feita há menos de uma hora - me liberta, por enquanto, do desejo inconsciente da menina pequenina, que gosta de pedir colo aos homens da sua vida.

voltamos sempre à mesma história, a mais antiga deste mundo, por que razão haveria a minha infância de ser a excepção à regra? voltamos ao que sentimos, na maior parte das vezes sem que houvesse explicações, emoções que ninguém nos ajudava a desmontar e que no meu caso diziam: quando o meu pai me dá colo é porque gosta de mim, quando não dá é porque afinal não gosta. 

hoje, já sou capaz de desmontar que, quando o meu pai me dizia 'tem perninhas é para andar' estava provavelmente a dar-me, da melhor forma que sabia, ferramentas para eu tomar as rédeas da minha vida, mas a pobre coitadinha, pequenina e tão cansada, imaginava e construía um pai ingrato, que nunca lhe dava o colo que ela achava que merecia. e então tornou-se forte à força, para provar a esse pai que vai andar até cair, mas com a coitadinha à perna, pois está claro, a envenenar-lhe os passos, de cada vez que lhe dizia, e tantas vezes ainda diz
imagina, tão cansada e ninguém te pega ao colo, mas que injustiça!

depois de chorar as feridas, só dá vontade de rir! mas, para isso, há que ir revisitá-las quando ardiam e sangravam. entrar cá dentro e mudar de sítio as coisas que aqui estão há tanto tempo. há tanto tempo que aqui tenho um pai ingrato, tantos anos de cansaço a esforçar as minhas pernas, tanto colo para me oferecer - e ainda a sobrar para mais - e mesmo forte!, quando a pouco e pouco abraço as minhas fragilidades.

sábado, 20 de agosto de 2011

quando as mães boas fazem coisas... boas

o que já me atazanei de culpas e remorsos por ser uma má mãe dava mais prosa do que toda a que aqui escrevi ultimamente! há dezassete anos e uns meses - idade da minha filha mais velha - que esmiuço as falhas e os pecados da minha maternidade. ora é porque não lhes ligo o que devia, ora porque me excedo e lhes dou umas palmadas, ora porque faço deles uns mariquinhas-pé-de-salsa, quando lhes apaparico mil caprichos e cedo às suas vontades, ou porque digo coisas que não lembram ao diabo e os insulto... e então acaba tudo por ir dar à sensação de que cada um dos quatro só tem um quarto de mãe, do tanto que me divido a querer chegar sempre para tudo.

na mesma proporção ou mais, já que dura há quarenta e quatro anos, atazanei-me com queixinhas e queixumes e com traumas e angústias e um dedo apontado à minha mãe: 'a culpa é sua!'
e então ia escrever, como título deste texto, 'quando as mães boas fazem coisas más' - num plágio descarado do título do livro da Debbie Ford.

foi então que dei por mim a gozar de um sossego como nunca tive igual. há quase um mês que estou sem nenhum dos quatro em casa, há quase um mês que não os oiço a chamar 'mããããeeeee' e a parecer que me arrancam as goelas para responder no mesmo tom, há quase um mês que não me divido em quatro a tentar chegar a tudo, há quase um mês que não lhes ligo, não me excedo, não lhes bato, não lhes digo aquelas coisas que não lembram ao diabo e, em vez da mãe mariquinhas-pé-de-salsa que, para mostrar que é boa mãe, agora iria dizer
  há quase um mês que não os vejo!, ai, estou cheiinha de saudades
realizo como sou boa, mesmo boa, por me ter dado este espaço, por me der dado este tempo, por me ter dado esta paz, este descanso, este sossego.

como fui mesmo, mesmo boa mãe, quando pedi aos avós que tomassem conta deles para eu ir fazer a Escola. como fui mesmo, mesmo boa mãe, quando confiei que a Francisca ia gostar de ter a casa de Lisboa só para ela e a deixei responsável por si própria. como fui mesmo, mesmo boa mãe, quando organizei as coisas para o Lucas ir passar quinze dias à Comporta com o padrinho - que vê pouco, mas que adora - e como nem sequer lhe disse nada, quando chegou e, uma hora depois e em vez de cá ficar, como estava combinado, improvisou uma ida para casa de um amigo no Algarve. como fui mesmo, mesmo boa mãe, com as duas mais pequenas a passear por Inglaterra com o pai duas semanas e nem sequer lhes telefonei com as 'melguices' do costume - se estavam boas, se andavam a comer bem, a dormir bem, a gostar e por aí fora, nem sequer com a desculpa 'era só para ouvir a vossa voz'.

mesmo, mesmo boa mãe. quando a Francisca me ligou ainda há pouco a dizer que não sabe se tem dinheiro para voltar do Minho de camioneta e, caso não tenha, se eu posso ver se não dá para lhe comprar o bilhete pela net e já vou ver. mesmo, mesmo boa mãe, agora mesmo, vendo a mensagem do Lucas a dizer que já chegou a Lisboa e se não posso ir buscá-lo, porque está sem dinheiro para o autocarro e já hei-de ir, assim que acabar o texto. mesmo, mesmo boa mãe, quando ontem a Luísa e a Madalena me fizeram a supresa de aparecer aqui em casa, acabadas de chegar do aeroporto, e me vieram convidar para jantar com elas e com o pai - para casa de quem voltaram a seguir, porque o que está combinado é que, para aqui, só vão voltar na quarta-feira.

mesmo boa, a mãe inteira, em vez da esfrangalhada em quatro e tão má para ela própria.
 

Porto Santo, Agosto 2006






agora que até já sei umas coisas, anda cá que eu ensino-te

a tentação é enorme! enorme, e falo só por mim. quantas vezes, ultimamente, não dei já por mim a querer meter-me nos negócios dos outros, dando-lhes dicas para que desmontem a sua sombra? posso até justificar-me, arranjar mil desculpas do tipo 'não é normal que queira ajudar?', ou 'foi uma coisa importante para mim e só estou a querer que seja importante para os outros'.
e, então, se preciso de me justificar, é porque estou a contar uma história. e essa história é assim: 'eu sei o que é melhor para ti.'

afasto a tentação da boa aluna tão boa que até já quer ser professora e foco-me apenas em mim. e descubro que ninguém me ensinou coisa nenhuma, fui eu que aprendi - e que continuo a aprender, ao meu ritmo e à minha medida. 
e então foi assim: um dia, cheguei ao Emídio através do Henrique. simplesmente, porque ele partilhou um texto da Sombra Humana no seu mural e eu li - mas ele nunca me disse 'olha, lê isto, porque é mesmo bom!' - embora o pudesse ter dito, mas esse negócio é dele :) ele próprio - calculo - tinha encontrado esse texto noutro mural e levou-o consigo. calculo que só porque sim. e não porque alguém lhe tivesse dito 'olha, lê isto, porque é mesmo bom!' - mas nem isso sei...

sei, isso sim, que aquele texto bateu-me! 'apanhei-o', sem que ninguém mo tivesse impingido, e foi a ponta de um fio de uma meada que não mais larguei. alguém me ensinou como se desenrolava a meada? não, fui eu que aprendi. ou que fui aprendendo, que vou aprendendo, porque é uma meada para o resto da vida - que privilégio :)
desse texto saltei para os outros, disponíveis no blog. lembro-me de ter ficado a lê-los pela noite dentro e, na manhã seguinte, mandei um e-mail ao Emídio. não o conhecia de parte nenhuma, ninguém me ensinou como podia entrar em contacto com ele, o e-mail estava ali, nos contactos, escrevi-lhe porque me apeteceu.

depois ficámos amigos no FB. ainda que só virtualmente, acompanhava-o. lia o que escrevia e havia dias, confesso, em que ele me irritava! aquele 'delicioso!' chegava a ser uma afronta, sobretudo nos dias em que eu me sentia frustrada, irritada, zangada. havia mesmo alguns dias em que pensava: 'mas como é que este gajo está sempre tão bem disposto?' havia outros em que nem sequer era 'gajo', era mesmo 'cabrão', e nesses dias eu estava mesmo, mesmo zangada... comigo.
mas, lá no fundo, era isso que eu queria aprender: a delícia de estar em paz com a vida, fossem quais fossem as circunstâncias, os desafios, as pessoas que se relacionavam comigo. mas nunca o Emídio veio até mim para me dizer: 'anda, anda que eu vou ensinar-te.' pelo contrário, sempre me disse 'a mim tanto me faz que venhas ou não.'
também nunca o 'impingi' a quem quer que seja, embora pusesse os seus textos no meu mural, acreditando que, assim como eu, quem quisesse ler mais, saber mais, aprender, iria atrás dele como eu tinha ido.

conheci-o algum tempo depois, numa conversa que lhe pedi para um livro que estava a escrever. hoje, dou-me conta de que talvez tenha usado esse artíficio para o conhecer, a cores e ao vivo, antes de me meter a fazer mais coisas com ele, mas não tenho a certeza. 
não sei quantos meses já se tinham passado - de muitas leituras, escritas, perguntas, voltas e reviravoltas, desabafos como os que já revelei - quando enfim fiz o primeiro workshop com ele. uma tarde que me soube a pouco - mas onde ouvi falar do livro da Debbie Ford. mais uma vez, ninguém me ensinou que devia ir comprá-lo, nem me foi impingido. fui porque sim. fui porque quis. e aprendi mais qualquer coisa, enquanto o lia. depois disso, fiz um workshop de um fim de semana. e, a seguir, a semana na Escola

note-se que nada disto é publicidade ao Emídio, porque ele não precisa de publicidade para nada. é apenas mais um exercício - comigo e para mim. se hoje já me desmonto com algum à vontade, se já sei ver que é sempre de mim que se trata, se pego na coitadinha de mim e a abraço e lhe digo 'olha lá, minha parva, que tal fazeres uma lista do que esse queixume ou essa mágoa significam para ti?', se até já sou capaz de dizer 'que delícia' quando me furam um pneu do carro e sentir que a paz me atravessa... é só graças a mim. fui eu quem se disponibilizou para aprender. e, não, não tenho nada para ensinar a ninguém e até os textos que escrevo são, antes de mais, pelo gosto que tenho em escrevê-los. 
quanto ao resto, vou estar mais atenta, porque a tentação de me armar em boa aluna tão boa que até já quer ser professora é enorme!
e se por acaso alguém me vier perguntar o que é isso da sombra e estiver interessado em descobrir-se... não chega falar-lhes de mim e do que tenho aprendido. se é assim tão delicioso e tão fácil como aquilo que apregoo, há que dar o exemplo e continuar a aprender. todos os dias um pouco.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

era uma vez uma coitadinha muito infeliz e assim

há dias em que a coitadinha assume o protagonismo e pede-me espaço para carpir as mágoas. ombros caídos, olhar cabisbaixo, um aperto no peito como se o mundo estivesse a esmagá-lo, e uma data de maus à espreita na esquina, prontinhos para lhe darem cabo do pêlo e lhe infernizarem a vida. é claro que a mais má de todas sou eu, sempre que a deixo acreditar que é uma vítima. aliás, não só deixo, como confirmo
pois é, coitadinha de ti
e ponho-lhe ainda mais peso nos ombros caídos, olho-a ainda mais cabisbaixa e cheiinha de pena
ai, ai coitadinha
esmago-lhe o peito até que sufoque de mágoa, acrescento uns gemidos ao pranto
ai ai ai
e alivio-lhe a responsabilidade de tomar conta de si, ao mesmo tempo que afago o pêlo de que todos os maus lhe querem dar cabo, quando lhe digo ao ouvido
nesse estado, coitada, ninguém é capaz de tomar conta de nada
alivio-me da incompetência de também não saber tomar conta de nada e lá ficamos as duas 
coitadas!
ombros caídos, olhar cabisbaixo, o peito apertado pelas conspirações dos maus e do mundo em geral.
ai tantas mágoas
diz ela.
ai tantas dores
gemo eu. 
depois aquilo passa, quando enfim sou capaz de a mandar dar uma volta, quando a afasto de mim como se fosse uma estranha doente que só me atrapalha, uma infeliz de uma egoísta de merda a querer contaminar-me com os seus ais.
até hoje, não resultou e há sempre um dia em que ela volta
ai, coitadinha
ombros caídos, olhar cabisbaixo, um aperto no peito como se o mundo estivesse a esmagá-lo, e uma data de maus à espreita na esquina, prontinhos para lhe darem cabo do pêlo e lhe infernizarem a vida. talvez por isso, ultimamente tenho tentado outra técnica. assim que pressinto que os ombros se encolhem e que os olhos procuram o chão, tomo-a no colo e embalo-a, apenas o tempo suficiente para que não adormeça e acorde. 
olha lá, minha parva
e digo parva com condescendência, às vezes até com carinho, e prossigo sem fazer caso dos olhos a ficarem húmidos
olha lá, minha parva, és capaz de me fazer uma lista das mágoas por escrito, em vez de começares a carpi-las só porque hoje acordaste virada para aí?
e ela começa
ninguém gosta de mim...
abraço-a e faço-lhe festas
isso é mentira, eu gosto de ti
o mundo é perigoso
e aponto-lhe a paz do meu colo
os outros são maus
e mostro-lhe como os maus são bons a ponto de lhe mostrarem onde é má para si própria e ela funga, a pedir compaixão, eu percebo, sai-lhe um suspiro muito grande, cai-lhe uma lágrima, sabe que se suspirar e se fungar e se chorar e se insistir, eu acabarei por ceder, não tarda e estarei a dizer-lhe outra vez
ai coitadinha
e então desenrola outra lista, a lista do 'devia ser'
eu devia ser mais capaz, mais feliz, mais inteligente, mais gira, mais competente, mais corajosa, mais forte, mais limpa...
desato-me a rir. e mostro-lhe, como a uma criança pequena qua parece ainda não ter consciência dos paradoxos do mundo, onde sou tão capaz de lhe dar colo e de a abraçar com verdadeira ternura e sem a julgar. onde sou tão feliz por a ter sempre por perto. onde sou inteligente a ponto de ter percebido, com mais lucidez nestes últimos tempos, que era urgente mudar de técnica. onde sou gira - gosto dos olhos, da boca, do riso, do rabo, dos braços, do ar de miúda. onde sou competente e tenho a coragem de nos trabalhar, a mim e a ela, para que cada vez possamos sentir-nos menos distantes uma da outra, para sermos só uma e completa. mostro-lhe onde sou forte e levanto-me, ainda com ela ao colo, sustenho o seu peso nos braços, e limpo-lhe as lágrimas.
quando vieres outra vez com a história da coitadinha para cima de mim
digo-lhe, a rir,
é provável que ainda acredite que tens alguma razão.
e ela ri-se também, possivelmente porque sentiu que, afinal, continua a ter chances de me enrolar
mas já nem sequer é ao meu colo que a tenho, mas aqui dentro, aqui dentro do peito que não está esmagado por mundo nenhum que me seja exterior, e é lá para dentro que falo, quando lhe digo, quando me digo,
a história do era uma vez uma coitadinha muito infeliz e assim é mesmo só isso: uma história. provavelmente, a mais velha história do mundo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

onde é que (ainda) me esvazio?

saí de manhã para ir ao aki comprar tinta. estacionei quase à porta e entrei. provavelmente com mais olhos que barriga, resolvi trazer um balde de 20 litros. pesava. imenso!
arrastei-o mais ou menos até à caixa, ao mesmo tempo que puxava um carrinho com meia dúzia de outras coisas. na caixa, avisei a senhora que não conseguia pôr o balde lá em cima e ela disse
não faz mal
e passou aquela coisa que lê o código de barras com o balde da tinta no chão.
paguei e percebi que não ia conseguir levar o balde e o saco, com a meia dúzia de outras coisas lá dentro, ao mesmo tempo para o carro. a senhora, então, perguntou a um colega simpático, ali mesmo ao lado, se não me queria ajudar. era mesmo simpático, o colega, porque disse logo que sim e agarrou-me no balde e lá fomos os dois, ele com o balde e eu com o saco e o carro ali quase à porta, que sorte, apontei-o
é aquele ali, está a ver?
ainda não estávamos lá e já o colega simpático me apontava um dos pneus 
olhe, tem um furo!
confirmei. um dos pneus de trás estava completamente vazio e faltava-lhe o pipo. tinha-me demorado quinze minutos nas compras, era completamente impossível aquilo ser um furo e pensei
houve um cabrão filho da puta que me esvaziou o pneu, olha que engraçadinho!
mas como até ando mais acordada do que era costume, parei o insulto e pensei
ok. houve um querido a querer mostrar-te onde é que te esvazias. 
entretanto, o colega simpático provou-me que também era prestável e foi lá para dentro, a ver se me arranjava uma bomba, apesar de estar convencido que aquilo era um furo, simplesmente, e não uma maldade. voltou pouco depois com outro colega prestável, simpático, e com a tal bomba. provou-se que era mesmo um delito quando o colega, o segundo, reparou que alguém tinha usado uma chave para desenroscar a válvula, o que fazia com que o ar que entrava saísse logo a seguir.
traz-me uma chavinha de fendas
pediu o segundo colega ao primeiro. e lá foi o primeiro e trouxe a chavinha de fendas com que o segundo tentou atarrachar a válvula, mas não conseguiu.
isto fizeram-lhe aqui um bonito serviço
disse já não me lembro qual dos colegas. e eu já com uma lista bem grande do bonito serviço na minha cabeça.
- esvazio-me quando não dou valor ao que faço.
- esvazio-me quando me sinto uma merda.
- esvazio-me quando não acredito que estou sempre cheia.
- tiro-me o ar quando fumo cigarro atrás de cigarro...
a senhora vai fazer o seguinte
interrompeu-me então o segundo colega
eu vou encher-lhe isto o máximo que conseguir e pôr o pipo ali do outro pneu e a senhora vai daqui directa à norauto e pede para eles lhe apertarem isto com uma chavinha que eles têm e que é mesmo própria para isto. 
e depois, virando-se para o primeiro colega, pediu
e agora dás tu à bomba, que eu tenho serviço à espera.
e ali ficámos, eu e o primeiro colega, eu em silêncio e ele dando à bomba e desfiando o seu rol de críticas.
não há direito, isto está mesmo mal, esta gente não tem o que fazer, qualquer dia estamos piores do que o Brasil, anda para aí uma malta, ai anda, anda, isto é que é uma vida... mas o que é que lhes passou para cabeça para lhe virem aqui esvaziar um pneu? qual era a ideia?
sorri e perguntei-lhe
está-lhe a saber bem ser-me útil? está a gostar de poder ajudar-me?
respondeu-me que sim - era mesmo simpático.
então talvez fosse essa a ideia. fazerem-me uma maldade para o senhor me poder fazer uma bondade
e escusei-me a explicar-lhe que, para além disso, eu já tinha uma lista de 'esvaziamentos'.
o colega sorriu-me de volta
pois, só se foi isso.
disse-lhe adeus, agradeci-lhe e segui para a norauto, ali mesmo ao lado. outro senhor muito simpático usou logo a tal chavinha de que o segundo colega me tinha falado, atarrachou-me a válvula num instantinho e sugeriu-me que fosse ali à bomba do Jumbo, encher mais o pneu e ver a pressão. agradeci-lhe e já estava dentro do carro, quando de novo saí para lhe perguntar se sabia onde podia encontrar um pipo para a válvula daquele pneu. prestável, simpático, o senhor da norauto enfiou a mão numa lata e estendeu-me uma mão cheia de pipos.
e foi aí que tudo bateu!... há doze anos, 'roubaram-me' o Pyppo - para quem ainda não sabe, o Pyppo era o pai dos meus filhos mais velhos, atropelado à minha frente por um camião destravado. esvaziei-me com essa morte até às entranhas. é muito possível que ainda hoje me esvazie, que ainda acredite que a sua morte me deixou um vazio. e então ali estava o senhor da norauto com uma mão cheia de pipos estendida para mim. 

é como diz o 'outro', não é?... d e l i c i o s o ! !

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

sabes quem é a pessoa que gosta mais de ti no mundo inteiro?

perguntei ontem ao K.
a mãe!
respondeu ele, sem uma única hesitação. 
ri-me e abanei a cabeça,
errado!
o pai?
perguntou-me ele, e de novo abanei a cabeça
errado...
esgotadas as duas possibilidades mais fortes, o K. ficou em silêncio, provavelmente pensando quem, para além do pai e da mãe, poderia gostar assim tanto dele. esperei que descobrisse a resposta, sem dizer nada, ao mesmo tempo que o imaginava a esgotar todas as outras possibilidades dentro da sua cabeça. ao fim de algum tempo, um pouco inseguro, o K. perguntou-me
sou eu?
já tinha feito este exercício com as minhas filhas mais novas e as duas me tinham dado as mesmas respostas
o pai e a mãe.
há uns tempos atrás, talvez lhes tivesse dito que estavam certíssimas - e a seguir enchia-as de beijos, para que não pudesse restar uma única dúvida. aliás, se quiser ser verdadeira, perco a conta às vezes que já disse a cada um dos meus quatro filhos, 
és a pessoa de quem gosto mais no mundo inteiro!
e só isso é a prova de que lhes estava a mentir, a não ser que quatro pessoas diferentes possam ser a mesma pessoa de quem gosto mais no mundo inteiro.
se, por outro lado, disser à minha mãe que descobri que as pessoas de quem gosto mais no mundo inteiro, afinal, não são os meus filhos, tenho a certeza de que me irá criticar
és uma ingrata!
e desenrolar um breve discurso sobre a qualidade das mães que se dedicam aos filhos, que vivem por eles e para eles e, na maioria das vezes, com sacrifícios, e as outras, assim mais tipo eu, que vendo bem até sempre fui um bocado desaparafusada e que com o tempo me tenho vindo a tornar numa grande egoísta. e depois os meus filhos
coitados!
diz ela, e suspira
andam aí ao deus dará!
pois eu gostava que a minha mãe, quando eu era pequena, me tivesse explicado que a pessoa que mais gostava de mim no mundo inteiro só podia ser eu. por mais que também ela gostasse, claro!, e o meu pai, e a minha avó, e o meu avô, e as minhas tias e por aí fora. mas nunca é assim e não posso dizer que a minha infância tenha sido a excepção. e então é assim que todos crescemos, com esta crença danada que nos jura a pés juntos que, para estarmos vivos e de saúde, não nos pode faltar o amor dos outros. e se houver alguém que nos queira amar mais do que si próprio, está montado o cenário de dependência para todos os filmes futuros.
habituados a ter alguém que goste, acima de tudo, de nós, vamos esforçar-nos o mais possível por lhe agradar e fazer o que seja preciso para lhe chamar a atenção. o objectivo é que goste de nós, que nos valide, nos apaparique e nos faça sentir importantes, nem que para isso passemos a vida inteira a fingir não ser o que somos: perfeitamente imperfeitos.

e lembro-me daquele anúncio, não sei se de um leite ou de um iogurte, em que uma loira meia despida - estão sempre meias despidas, as loiras que fazem anúncios - olhava para a câmara e perguntava
se eu não gostar de mim, quem gostará?
e é isso então que quero mostrar aos meus filhos: o egoísmo de amar-me mais a mim do que a eles, de ser a pessoa que mais gosta de mim no mundo inteiro. e desejo do fundo da alma que sejam tão egoístas, tão egoístas que sintam o mesmo em relação a eles próprios.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

a velha gorda

faz-me ver onde sou gorda e faz-me ver onde sou velha. sou velha quando me agarro aos padrões do passado, quando repito, repito, repito e me engasgo, quando não me abro ao que é novo, quando me aforro às poupanças e me contenho nos gastos, quando me enrugo, desgasto e me desato em moralidades, quando digo 'ah, no meu tempo não era assim' ou 'já ninguém tem mais respeito por nada', quando me pesam os anos e então também é aí que sou gorda. no peso excessivo que ainda dou à opinião de terceiros, nos pensamentos a escorrer celulite, na gula mental com que me enfarto a dizer mal dos outros, na obesidade das opiniões.

a invejosa de merda que tem a mania que é boa mostra-me o que quero ter e não tenho, a merda que faço, a mania de que sou melhor do que os outros. quero ter e não tenho sossego, invejo o alheio quando não sei valorizar o que sou, quando afinal me sinto pior do que os outros e a mania é só mais uma máscara, mais uma capa de merda para tentar provar que sou boa. sou boa, mas não tão boa, é precisamente aqui que sou má, que sou uma merda, quando me abandono e deixo a tarefa de ser amada para os outros, não admira depois que os inveje, quando me amam mais do que eu própria, as manias são sempre uma prova de como nos agarramos a pensamentos que não são nossos. e volto a ser gorda de cada vez que me empanturro até à náusea com eles.

a mulherzinha que não tem onde cair morta revela-me a mesquinhez das inhas todas que sou, diminutiva em tantos aspectos, mazinha, intriguistazinha, picuinhas, parvinha. caio morta de todas as vezes que a vida me acolhe e a recuso, mortifico-me com dores invisíveis, morro até quando respiro e tomo a benção por esforço, ponho-me a arfar como se o ar não fosse de borla, entupo de fumo os pulmões, mato-me à espera que me ressuscitem, mas nunca resulta.

o cabrão do filho da puta que nos anda a roubar nos impostos é seguramente o mesmo cabrão filho da puta que rouba a verdade, sempre que conta uma história pela metade que mais lhe convém, somos sempre nós próprios, gamando aqui e ali tudo o que não nos pertence, tomando posse dos outros, fazendo da propriedade um direito. roubamo-nos sempre que não mostramos tudo o que somos, subtraímos defeitos para que os outros nos considerem pessoas boas e são tantas as condições que lhes impomos! 'tens de ser isto e aquilo', 'não sejas assim', 'se ao menos fosses mais compreensivo', 'já te disse para não seres tão bruto comigo'. cobramos. 'se não fizeres o que te peço já não gosto de ti'. impostores! todos nós. quando desabafamos em público contra o sistema, e depois o cumprimos, em silenciosa obediência, e nos roubamos a liberdade de agir como seria mais justo.

a boa rapariga. tira a máscara da linda e põe a da amorosa. tira a da amorosa e põe a da linda. tira a da linda e põe a da bem comportada. tira a da bem comportada e põe a da lúcida. tira a da lúcida e põe a da boa aluna. tira a da boa aluna e descobre que se sufoca com elas, com tantas camadas de máscaras, de capas, que maquilha os comportamentos, põe batôn nas palavras, blush nas poses, cora a palidez com uma base compacta para que não se notem as imperfeições e até nisso é fingida, na dissimulação das cicatrizes na cara, não se importa assim tanto que lhe descubram as crostas, mas nem sempre se atreve a arrancá-las para que purguem de vez velhas feridas. 

sombra. como se fosse um refúgio fresco e seguro debaixo da copa das árvores.
não é. 
torra-nos mais do que o sol, queima-nos mais do que a luz e faz-nos arder lentamente na sua penumbra de amor por quem somos.
é bom.

ah!

não era um suspiro, embora parecesse.
tanta coisa que parece e não é
disse alguém.
e viraram-se todos para ver quem era, mas afinal não era ninguém, porque andam sem dono os ahs deste mundo, parecem suspiros e nem sempre o são, talvez sejam apenas maneiras de expelirmos o ar fazendo barulho, pode até ser um ah! de satisfação, pode ser ah! de espanto, pode ser uma simples vogal seguida da consoante do homem e de um ponto de exclamação. ah!, então está bem e nesse caso é um ah de concórdia, mesmo que em desacordo com a harmonia das coisas, pode ser um pretexto para dar rumo à prosa, pode ser um ralhete da mãe, um ah com que então!, pode ser o prazer do orgasmo e nesse caso prolonga-se pelo corpo adentro
aaaaahhhh...
ah. troca-se a ordem, põe-se um acento e então há. há tantas coisas em que já não acredito, há tanto tempo que já não te vejo, há sempre diferentes pontos de vista para tudo, não há nada que se possa dizer
isto é verdade, acredita.
ah ah ah e são gargalhadas. borboletas à solta. estridências felizes. ou apenas o eco que devolve os suspiros a quem está perdido numa montanha. ah pois há, tanta gente perdida, tanto eco chamando a nossa atenção para o que não queremos ouvir, montanhas de coisas que não queremos ver como são, planícies de paz ao alcance de todos, ah!, que maravilha, ah!, que lindo, ah! que desperdício, gastarmo-nos tanto em suspiros, em lamentações, em caprichos, tantos ahs com que expelimos a dor, tantos sopros à solta no mundo, há quem diga que são os sopros dos anjos e quem não acredite que um simples par de asas chegue para tanto. ah, tanto me faz, dizem os cépticos, eles que voem para aí. ah ah ah. o riso de novo, a provocação, o alento, a onomatopeia afigurando-se um termo, pôr termo à vida com um ah de abandono, saudá-la com um ah e um ar de surpresa, tantos ahs à solta no mundo, as mesmas letras para sentimentos distintos, ah de tristeza, ah de certeza, há mesmo muitas cadências, compassos de espera, entoações
ah!...
diz alguém
então está tudo bem.
e está mesmo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

a polpa dos dedos ardia-lhe

não de escrever, mas de intuir que das mãos saem gestos que não controlamos. e, no entanto, achamos que sim. que controlamos os dedos, as mãos, as pernas, o corpo e que o que acontece obedece à razão. duas horas de sono, cinco horas de insónia, a polpa dos dedos peganhenta dos figos que lhe mataram a fome ainda há pouco, a roseira enfim descansando da aurora dos pássaros, não tarda o relento virá pousar sobre a relva, as buganvílias recolhem-se, a lua mingua no céu e dentro dela cresce a certeza de que não controla coisa nenhuma, afinal. tem as pálpebras secas, mesmo que os olhos lhe brilhem onde o sal se condensa, de novo vêm à tona as pedras, os lagos, as estrelas que os sonhos dos homens querem pôr a secar longe do mar, os caranguejos, os polvos, as conchas que pôs num frasco de vidro e que beijam os búzios quando se sentem em paz.
arde-lhe um fogo manso no peito, uma cor de poente, um lastro de sangue e nem sequer sabe dizer como é que as polpas dos dedos alcançam as teclas e escreve o que escreve. não sabe. mas sabe, isso sabe, que o sol amanhã vai nascer sem precisar que lhe peça, sabe que o mundo gira e avança como uma nave redonda envolvida por espaço, que o tempo se inventa como desculpa para já ser tão tarde ou ainda ser cedo e nunca é tarde nem cedo, mas a hora certa para tudo, a cada momento. sabe, isso sabe, que a relva lhe deixa marcas frescas nos pés quando a pisa, sobretudo depois de regada, sabe que a sede se mata se nunca esperar que lhe ofereçam água e a for colher directamente dos poços. sim, abrem-se poços de cada vez que mergulha nos lagos, os mesmos das estrelas, dos caranguejos, dos polvos, abre-se um sulco nas ondas quando se põe a escrever sobre o mar, não pode sequer dizer que navega, mas que é navegada, que há algo mais forte que a leva através das correntes da água, que agosto é o mês em que as férias lhe parecem maiores porque, em pequena, tudo era tão grande.
arde-lhe o brilho dos fósforos quando acende um cigarro e o segura nos dedos ao mesmo tempo que escreve. o vento lá fora passa a lembrá-la do espanto que é ver as folhas moverem-se sem pensarem sequer por que é que se movem, a vida só passa a correr quando não damos por ela, quando fora de nós nos demoramos nos outros, quando ansiamos por voltar a casa e nem reparamos que temos a chave da porta no bolso. a vida acontece sem nos pedir nada em troca, a não ser para a vivermos como ela nos mostra: perfeita e constante no seu movimento de se bastar a si mesma e é só. e é tanto!
e é tudo: por hoje.


'és a mulher da minha vida'

diziam-lhe eles.
primeiro um, depois o outro, e ela crendo que chegava e que sobrava, ser a mulher da vida de outro, a eleita para ser a mais amada, desejada, idolatrada, testemunhando de que forma, primeiro um, depois o outro, lhe acudiam aos caprichos e, com a paciência dos santos, lhe aturavam as manias, desculpando-lhe as ausências, perdoando e relevando a balança que oscilava no seu peito e que ora a fazia querê-los, ora queria abandoná-los, porque não se amava a amá-los. 

foram anos neste jogo. aceitou-os, primeiro um, depois o outro, por achar que a primazia era uma benção, acreditando que merecia as atenções que lhe votavam, mesmo que não compreendesse de onde lhes vinha aquela ideia de a amarem quase mais do que a si mesmos, nem a pieguice tonta de lhe dizerem, uma e outra e outra vez, que sem ela a vida não teria a mesma graça.

educada a ouvir histórias de fadas, e a criar, ela própria, os seus enredos maravilha, acreditava que somente um grande amor ia salvá-la das agruras e das ânsias de uma mortal existência. esse grande amor da vida, que via chegar nos filmes montado num cavalo branco, principesco, encantador, o mais perfeito dos seres onde veria, finalmente reflectida, a sua própria perfeição, iria chegar um dia para a tornar, mais uma vez, na mulher da vida dele. e nem sequer a evidência de que a mulher da sua vida tinha de ser ela própria a demoveu de procurar o amor fora.

e foi assim que chegou à sua vida aquele que mais lhe pareceu um princípe, mesmo sem o cavalo branco e o manto da realeza, lá embicou que devia ser aquele, nem ela sabe bem porquê. mas remexia-lhe as entranhas e afogava-a num sufoco que nunca tinha sentido e, sobretudo, teve a decência de não lhe dizer nenhuma vez
és a mulher da minha vida.
talvez por isso, desatou a amá-lo tanto que, de novo, se esqueceu que a mulher da sua vida tinha de ser ela própria e caíu no mesmo logro em que, primeiro um, depois o outro, já tinham caído em tempos e fez dele o homem da vida dela. acudia-lhe aos caprichos e, com a paciência das santas, aturava-lhe as manias, desculpava-lhe as ausências, perdoava e relevava a inconstância no seu peito, mesmo que, secretamente, ansiasse pelo próximo, pois nunca estava contente: desta vez, pela injustiça de não ser a mulher da vida dele, e usando essa desculpa para fugir de vez em quando. 

qual não foi, então, o espanto, quando o próximo chegou num dia em que se olhava ao espelho. tão igual a ela própria que quase o mandou embora, afinal não tão perfeito como sempre imaginara, não era homem sequer e muito menos principesco. mas trazia-lhe de dentro aquilo que há anos procurava fora dela e, por isso, não quis crer, já que isso invalidava a história maravilhosa, onde um ele e uma ela se uniam para compor a felicidade, como se de duas metades se tratasse. 

e, no entanto, em frente ao espelho, e a haver metade, era uma metade dela e nenhum ele, nem inteiro nem pela metade, para ceder aos seus encantos, nenhum ele para a tratar com primazia, nenhum ele para fazer papel do princípe, nenhuma pieguice tonta, mais ninguém para além dela a pedir-lhe um longo abraço e não foi logo que acedeu estender-lhe os braços. resistiu sempre que pôde e ainda evita esse contacto, quando as histórias são mais fortes que a presença, quando o mito cor-de-rosa é mais forte que o amor. ele + ela = felizes para sempre.

provavelmente, ainda não é a mulher da sua vida e, no entanto, foi o amor que sentiu maior que tudo ao amar outro que fez com que empreendesse o resgate de si mesma. se vai ou não vai ser salva, dependerá do quanto, ao espelho, for acedendo a abraçar-se por inteiro, cada vez com menos medo de afinal não ser perfeita.

the wall

disseste
há um muro intransponível e tu ficaste desse lado.
senti-o nas tuas mãos que me afastavam, um muro compacto, realmente intransponível, muito alto e, mesmo assim, ousei trepá-lo, desfazê-lo, derrubá-lo pela força, forçá-lo pela insistência. mas não cedeu um só milímetro, nem sequer quando troquei força por festas, era mesmo muito alto e muito denso e muito largo. e vim para casa e não dormi a noite inteira, com o peso desse muro entre nós dois. nenhuma frincha por onde fosse possível começar a esboroar-se, nenhuma fresta por onde o ar circulasse, ficámos a atirar palavras como quem atira pedras e lembrei-me dos murais do facebook e de como há tanto tempo mantemos esta intifada. palavras que atiramos pelo ar na ilusão de que estamos a atingir o outro lado, mas que fazem ricochete e nos acertam nos lugares que menos queremos. nos lugares onde dói mais.
e então só fui dormir quando já havia luz e a manhã se espraiava sobre a relva e reparei que não havia muro nenhum, apenas pássaros acordados nas roseiras, os figos que caíam, maduros e peganhentos, sobre o pátio, as buganvílias enroscadas na parede lá do fundo, e as coelhas, indiferentes à insónia que me calava as visões, de tanto me inchar as pálpebras com o sal dos pensamentos.
e fui devagar para a cama. subi as escadas e em nenhum dos dez degraus vi um muro intransponível e pude assim subi-las todas e deitar-me e imaginar que já era larga e branca, a cama nova que em breve irei comprar, e sonhei que voltavamos à praia onde caçadores furtivos roubam as estrelas dos sonhos para as secar longe do mar sem que eu possa fazer nada para os deter. sem que eu possa fazer nada para transpor a barricada atrás da qual tu te defendes. sem que eu possa fazer nada a não ser ver onde eu própria ergo os muros que me separam de mim mesma, trepar descalça até lá acima e ver que o céu, afinal, não tem paredes.



o mau da fita

há sempre um mau da fita nos filmes que inventamos. ao contrário do galã, que nos leva ao paraíso, o mau da fita é o que nos atira para o inferno e nos faz a vida negra. duro de roer, insensível, cheio de vícios, incarna sempre a nossa sombra. mas, até que o saibamos ver, e desmontar, ele servirá, na perfeição, como um bode expiatório. é dele a culpa de nos sentirmos mal amados, é dele a responsabilidade de chorarmos pelos cantos, é dele a incapacidade de não ver como é cruel, é dele a falha de não ser iluminado.

no último filme de amor, o mau da minha fita era promíscuo. o mau da minha fita era desequilibrado. o mau da minha fita era cruel. o mau da minha fita era o culpado por toda a minha tristeza. o mau da minha fita era um traidor. o mau da minha fita era mal agradecido. o mau da minha fita era 'doente' e eu... era a 'saudável'. a boazinha. a querida linda e esforçada por salvá-lo. a sempre boa rapariga, que jurava entregar a sua causa ao serviço do amor. que se queixava por dar tanto e receber, afinal, tão pouco em troca. a que dormia com a esperança de que um dia o mau da fita se tocasse e se transformasse em bom e que a acordasse com um beijo e a levasse ao paraíso.

espelho meu, espelho meu, quanto do que vejo em ti é meu?

demoramos a acordar. e, no entanto, aquilo que eu vejo em ti é o que eu tenho. a promiscuidade é minha e, neste caso, a sombra não está no sexo, está na língua, que se enfia nos ouvidos de terceiros a falar de intimidades, que nem sequer são só minhas. o desequilíbrio é meu, tão balalão, tão balalança, agora sim, agora não, assim não quero, assim está bem. a crueldade é simplesmente amar-me pouco, quando podia amar-me tanto e, a haver culpa, ela é provavelmente humana, essa culpa que nos torna, a todos nós, reféns do amor dos outros. a traição, afinal, não é mais do que trocar-me, deixando que o mau da fita ocupe todo um primeiro plano, enquanto eu fico - coitadinha! - a carpir nos bastidores. e, sim, sou muito mal agradecida de cada vez que não vejo que a descida a este abismo e o encontro com a sombra é uma benção, um sinal para que acorde! que padeço da mesmíssima 'doença' de todos os comuns mortais, crónica e cheia de recaídas, e que a cura é perdoar-me, senão de uma só vez, a pouco e pouco.

perdoar a má da fita, pelos seus filmes e dramas. 'quando não me amo, eu doo', diz o Emídio. e reparo que não me doo, não me doo no instante em que sou boa e pego na má ao colo - em vez de a querer castigar por ser tão irresponsável, tão promíscua, tão 'doente', ou em vez de a querer esconder num quarto escuro, cheia de medo de que possam descobri-la, acusá-la, condená-la. não me doo no instante em que me amo. não me doo quando perdoo.
e assim acaba o filme.
e fica só o amor.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

om, om, om


acreditei, durante anos, que um dia eu estaria 'lá'. e 'lá' era um lugar, ao mesmo tempo distante e luminoso, que os chamados 'evoluídos' alcançavam à custa de muitas meditações, abnegações, boas acções e a fé profunda de que somos, todos nós, luz e amor. 
a nova era incutiu-nos esta ideia estapafúrdia de que é possível transmutarmos a matéria mais imunda dos pecados dos mortais e que assim, e ainda em corpo, nos podemos elevar à divina transparência do nosso deus criador, imune a qualquer espécie de 'mal'. 
ah, doce promessa. ainda por cima, validada pelos mais sábios dos 'mestres', sustentada por milagres, por mensagens que provinham de esferas mais elevadas, canalizadas graças ao transe profundo de um punhado de eleitos. 
sim, um dia também eu estaria 'lá'. nesse lugar a que se chama de 'paraíso na terra' e se apresenta como um grande vale de paz onde, enfim, aquietaria as minhas ânsias, amaria tudo e todos, redimiria as minhas falhas e ficaria numa espécie de nirvana, a meditar, tranquilamente, e finalmente protegida dos malefícios das trevas.
om, om, om...
o engraçado é que, quanto mais acreditava que me estava a aproximar desse lugar, mais distante ele me parecia. e, então, empreendia novos esforços. meditava mais um pouco e parafraseava os mestres, lia mais dois ou três livros - ou mais cinco, dez ou quinze -, acendia muitas velas, castigava-me a mim própria por ser tão incompetente, na incondicional tarefa de amar tudo e toda a gente, acendia-me por fora para ver se, assim, as minhas entranhas escuras sucumbiam ao contágio das frases iluminadas que me enfeitavam a escrita, e estava disposta a tudo para alcançar esse vale de paz eterna onde a minha humanidade se iria render, enfim, à sua essência divina. 
deus segredava-me ao ouvido que eu estava no bom caminho, mas, a cada encruzilhada, esperava-me o diabo e... confundia-me. levou tempo a descobrir que a história que me contaram - que a história que me contei - não passa de uma mentira. o inferno e o paraíso não são dois lugares diferentes, separados pelas metáforas que criámos para 'mal' e para 'bem', o diabo é tão divino como deus é diabólico. 
mas vá-se lá entender isto quando para tentar explicá-lo recorremos às palavras. e, no entanto, a verdade é que, para mim, que as mastigo uma e outra e outra vez, as aniquilo, as substituo, as reinvento, as vomito para voltar a engoli-las e alterar-lhes o sabor, elas têm o condão de fazer com que um sim possa ser não e um não possa ser sim e não haver contradição, a não ser quando as obrigo a caminhar num só sentido.
e então há algum tempo que deixei de acreditar que um dia eu esteja 'lá'. afinal, 'lá' é 'aqui'. e 'aqui' é 'lá'. duas palavras, um só sítio. como a luz e a escuridão. como o amor e o ódio. como deus e o diabo. sempre uma só e a mesma coisa, provavelmente separadas pelo dia em que inventámos as palavras e desatámos a querer chamar nomes às coisas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

agosto de ti

pequenos lagos, todos eles contendo o mar, incluindo o dos teus olhos, a maré descendo mansa e revelando uma cidade construída com a areia e com as pedras, as palavras que escorregam dos meus dedos quando quero falar das coisas e não sei usar palavras.
- sabem a sal, já reparaste?
a gosto.
férias grandes.
todas as vezes que chorei a contra gosto, grandes lagos de água doce, incluindo os dos meus olhos, as marcas da felicidade nos joelhos que esfolei a tentar trepar as lages onde ardia a minha infância, crostas de árvore, a resina dos pinheiros a sangrar rente aos poentes, o riso fértil das searas e o desgosto quando as histórias são contadas no pretérito imperfeito das crianças inocentes.
era uma vez uma menina.
era uma vez uma cidade.
era uma vez uma mentira.
era uma vez uma saudade.
coisas que nunca mais foram, e que hoje são uma outra coisa, mas que queremos agarrar e pôr a boiar nos lagos. pequenos lagos de água doce, incluindo o dos teus olhos, sempre que mergulho neles e que me sabem a sal, sempre que corro para o mar e me debruço a reflectir sobre o céu que espelha em mim. agosto e sinto o gosto das marés que me enchem, me esvaziam, o naufrágio nos teus braços, as minhas margens de corpo, todas as sombras que se abatem quando a noite nos permite entrever os nossos vultos, hemisférios que se encaixam na grande roda das estações e da verdade inexorável de que não há como fazer com que não gire.
agosto como a gosto te apresentei à minha relva e semeámos o que chamámos de bicho e como achei que me comia as entranhas e me deixava exactamente as mesmas marcas, as mesmas crostas dos pinheiros da minha infância
era uma vez uma menina.
era uma vez uma mentira.
o pretérito perfeito das coisas que nunca acabam: apenas dão lugar a outras, e sempre à laia de presente. a dádiva de nos usarmos para descobrir quem somos. pequenos lagos de água mansa, incluindo o dos meus olhos, quando te ofereço às profundezas do meu medo, quando enfim vem à tona a minha força e me descubro a ser o mar que os teus olhos me revelam.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

'se é assim tão fácil ser diferente, poderás dar o exemplo?'


'resta-nos esperar que o que é e não devia ser deixe de ser e passe a ser o que devia', escreveu a minha amiga S., a propósito de um 'caso chocante', de 'extrema violência psicológica', com uma criança de 11 anos.
e vi-me à espera. imaginei-me à espera. observei como, também eu e tantas vezes, já esperei e ainda espero que o que é e não devia ser passe a ser o que devia. e depois ri-me. de que forma aquilo que é devia ser uma outra coisa? quantas vezes resultou acreditar que aquilo que é não devia ser assim? as vezes todas que pensei que 'não devia haver guerra'. e as guerras continuam. as vezes todas que defendo que 'não devia haver fome'. e a fome continua. as vezes todas que a revolta me levou ao desespero: 'o Pippo não devia ter morrido'. e ele morto há doze anos. as vezes todas em que ralho com os meus filhos, 'não devias ser assim', e eles sempre sendo aquilo que são...

mas vamos ao 'caso chocante'. podem lê-lo aqui na íntegra. onde é que realmente ele é chocante? e onde é que andar a divulgá-lo faz de nós boas pessoas? onde é que nos indignamos? onde é que exercemos sobre nós essa 'extrema violência psicológica', sempre que acreditamos que aquilo que é devia ser de outra maneira? 
ah, dizem vocês, e então não se faz nada?... deixa-se assim um pai 'narcisista, obsessivo e complusivo' retirar um filho de 11 anos, 'brilhante aluno', a uma mãe 'premiada por solidariedade social a nível mundial'? e, no entanto, é bom saber que o autor desta denúncia assume não conhecer as pessoas de quem fala e que está só a exercer uma 'cidadania responsável'. 

é claro que ele não conhece as pessoas de quem fala. conhece simplesmente as histórias que se contam sobre as pessoas de quem fala. e a história que se conta é que o pai é narcisista, obsessivo e compulsivo. e que o filho é um 'brilhante' aluno. e que a mãe é 'premiada por solidariedade social'. 
e assim - suspiro de alívio - podemos reconhecer-nos, porque a história não difere assim tanto das que também nós contamos - sobre nós e sobre os outros. histórias onde há sempre um mau - o pai obsessivo e narcisista e compulsivo - histórias onde há sempre um bom - a mãe solidária e premiada - histórias onde há sempre um coitadinho - brilhante aluno, ainda por cima, o que com sorte irá fazer com que seja um pouco mais coitado ainda!

se formos boas pessoas - como queremos que acreditem que nós somos - vamos atacar o pai, vamos defender a mãe e vamos ter pena do filho. a 'cidadania responsável' fica assim bem exercida, sobretudo se, para além de atacar o pai e de defender a mãe e de ter pena do filho, formos capazes de vender esta versão ao maior número possível de pessoas. todas boas, pois está claro, e que também se indignarão e chamarão nomes ao pai - que não devia ser narcisista, obsessivo e compulsivo - que irão prestar a sua solidariedade à mãe - reconhecida e premiada a nível mundial! - e que irão ter tanta, tanta pena deste filho de 11 anos.


e acordar? não?
e exercer, cada um, uma individualidade responsável, não?
se um pai narcisista, obsessivo e compulsivo me atrapalha... será que sou, também eu, de alguma forma, narcisista, obsessiva e compulsiva? será que em cada de um vós não existe um narcisista, um obsessivo, um compulsivo? ah, dizem vocês - pessoas boas, responsáveis e decentes -  claro que não! 
eu não estaria tão segura. mas, isso sim, é tão chocante! descobrir onde somos narcisistas, complusivos e obsessivos. onde exercemos violência psicológica sobre os filhos. onde somos tudo aquilo que, de acordo com as crenças, 'não devia ser assim'.
será que não sabemos ser mais solidários com nós mesmos e darmo-nos o prémio de começarmos a acordar? onde é que o filho coitadinho são vocês? onde é que ainda se alimentam da mentira que o que é não devia ser assim? em que planeta? onde podemos ser brilhantes como alunos?

e volto à voz clara e doce do Emídio: 'se é assim tão fácil ser diferente, poderás dar o exemplo?'





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

a verdade


- não tentes dobrar a colher. é impossível! em vez disso tenta apenas tomar consciência da verdade.
- que verdade?
- a colher não existe.
- a colher não existe?
- depois verás que não é a colher que se dobra: és tu.





tomar consciência da verdade é um exercício que exige coragem. e a verdade é que todos nós queremos dobrar a colher. mas essa é a verdade cobarde. a ilusão de que há colheres à mercê da nossa força e vontade, a tentação de nos vitimizarmos quando colheres, garfos, facas, pessoas resistem, impunes, àquilo a que tantas vezes chamamos um 'gesto de amor'. temos a crença de que sabemos o que é melhor para os outros. a crença de que sabemos o que é melhor para nós. que delícia a voz do Emídio a lembrar-me
a mente é louca!
a mente, qual colher orgulhosa de não ser maleável, mas inoxidável, em aço, nunca se dobra, mas enlouquece quando se esmifra e se esforça por dobrar os outros à sua verdade. a verdade cobarde, de pôr nos outros a responsabilidade de não serem flexíveis. de não se assumirem como os maus da fita, não se responsabilizarem pelas nossas dores, de nos terem criado um inferno, de serem, coitados, tão pouco evoluídos, tão desumanos, cruéis e assim.
nada de novo, portanto. apenas a velha história da humana idade que se repete, quando queremos tomar a parte pelo todo e falar da verdade como se fosse uma só e a mesma para todos. mas a verdade é que a verdade, quando vem ao de cima, quando é realmente verdade, tirou o foco das dobras dos outros e, em vez disso, dobrou-se sobre si própria. recolheu-se à sua evidência, contrariou a sua inflexibilidade, tomou consciência da responsabilidade de assumir a mentira e que a mentira é exigir uma só e mesma verdade que sirva para todos. 
acho-me graça quando ainda acredito que dobro colheres, garfos, facas, pessoas. acho-me graça quando, dobrada sobre mim própria, descubro tranquilamente a verdade: afinal, ainda acredito em mentiras. acho-me graça quando, inoxidável, quero puxar pelo brilho dos outros e lhes digo que ficarei muito contente se eles reconhecerem a luz que transportam. acho-me graça quando ainda acredito que a verdade é que somos todos luz e amor. porque quando realmente me dobro e vou ao encontro do escuro, quando embato no ódio, quando escarafuncho na sombra, descubro a verdade: sou feita de tudo um pouco e é nas dobras doridas do aço que reside o meu ouro.

domingo, 7 de agosto de 2011

a Escola

nenhuma teoria, nenhum livro, nenhuma frase, palestra ou explicação foram nunca tão eficazes a mostrar-me o caminho que nos conduz da mente ao coração como este movimento das mãos. ao observar o Emídio a fazer estrebuchar a mão direita que, como a mente - esquizofrénica por natureza - quer tudo menos aquietar-se e ficar sossegada e, logo a seguir, a trazer a esquerda à sua presença, descendo como uma benção capaz de acalmar tempestades, foi aquilo a que chamo de 'clic'. como se, de repente, tivesse ficado visível - e acessível - o mecanismo que, a cada momento, me pode acordar, me pode acalmar e fazer perceber como é ridículo insistir em sofrer, como é realmente esquizóide a mente que se compraz com as histórias que inventa e nos conta - a nosso respeito e a respeito dos outros.

realizei, talvez pela primeira vez, que esta mão, esta mente que constantemente se agita e estrebucha, não irá nunca abdicar do seu movimento esquizóide, não irá nunca parar de andar loucamente para trás e para a frente, aos solavancos para cima e para baixo, em busca de provas para o seu sofrimento. e que acreditar que um dia nos irá dar sossego é uma enorme ilusão!... e, no entanto, senti como se acalma - ou talvez como deixo de dar pela agitação de que padece por natureza - quando o coração, sem se impor, se manifesta a bater no presente. como o pulsar do agora, sem nunca querer ter outro ritmo para além do que tem neste exacto momento, revela a magia e o milagre da vida. 

sem esforço nenhum, reparei que respiro sem ter de saber ou de compreender quantos músculos ou órgãos estão envolvidos para que isso aconteça. senti como é possível ter paz, nem que seja por um brevíssimo instante, quando não dou ouvidos à mente que mente e que quer ter razão, quando não luto com ela, quando estrebucha e não lhe dou importância, quando permito que o coração desça como uma benção sobre a loucura das tempestades e pulse, benignamente tranquilo. 

e é isto que trago de uma semana na Escola. dias inteiros e intensos esgravatando memórias e remexendo nas sombras, ao mesmo tempo que o sol derretia os nossos corpos de dor, que iluminava o rio Tâmega e o recorte das serras em volta, sentindo como era inútil e estúpido pedir-lhe para nascer um pouco mais cedo ou para se pôr um pouco mais tarde, exigir-lhe que não estivesse tão quente. 
histórias e histórias e histórias contadas na popular e humana versão do 'coitadinho de mim', lágrimas e sofrimentos e abandonos e violações e desesperos comuns a nós todos. uma semana envolta nos dramas que, de repente, se tornam comédias, o paradoxo de sermos tantos num só, as crenças que defendemos com unhas e dentes e que num instante caem por terra, a resistência em abrir mão de nos identificarmos com as nossas máscaras, não vá dar-se o perigo de não sobrar nada, afinal, para contar sobre quem somos sem elas. 
uma semana na Escola a descobrir como é inocente o sentimento da culpa, como expor a vergonha de nos termos sentido nojentos torna o ar limpo, como foi que embarcámos em histórias para irmos naufragar no mar alto, como acreditámos que nos lançaram às feras e nos deixaram sozinhos, como foi que nos convencemos que o pai e a mãe e a avó e o tio e o mundo em geral não gostavam de nós nem nos amaram o suficiente e, coitadinhos de nós!, ficámos cheiinhos de traumas e de carências e de coisas mal resolvidas. 
ah, tantas mentiras! 

uma semana na Escola e a tentação de dar o processo por concluído - que seja, por muito avançado, tipo 'agora já tenho um mestrado'. vestir, por exemplo, a máscara da sábia evoluída, da boa aluna que - tão querida - até teve um 'clic' quando o Emídio fez aquele movimento das mãos e que agora já é tão capaz de fazer sempre o caminho que a leva da mente ao coração... é mentira e não há sempre, só há dia a dia.
e reparo que estou sempre onde páro. estou sempre onde avanço. não estou nunca nem mais à frente, nem mais atrás: não é possível! não estou nem melhor do que estava antes da Escola, nem pior do que eventualmente vou estar no próximo mês - caso lá chegue. não estou nem mais evoluída nem menos. e observo. observo a mão louca, a mente a agitar-se, a ameaçar estrebuchar, a minar-me o presente com as dores do passado, a oferecer-me o doce veneno das projecções no futuro. a mente que mente a querer ter razão e que para isso vai buscar provas, exemplos, acontecimentos... 'claro que estás mais evoluída!...', elogia-me, 'repara como até já és capaz de desmontar-me...' ahaha! a mente esquizóide, tão querida, que até consegue imitar o doce pulsar do coração quando a isso se atreve, fingir-se quietinha, todos os truques são válidos para chamar a atenção.  

observo a mão quieta.
observo o coração que, sem se impor, se aproxima. não quer nada a não ser pulsar-me no peito. tanto lhe faz que eu seja mais evoluída - provavelmente nem sabe o que é isso. não quer convencer-me de nada, provar-me coisa nenhuma, apenas pulsar-me no peito e é tudo. não exige sequer que eu saiba o que é isso - pulsar-me no peito -, não me seduz para lhe alterar os batimentos, o ritmo. não me diz 'se me fizeres bater mais depressa, podes ser mais feliz' ou 'lembras-te quando parei de bater e quase morreste?'
pode durar um segundo, mas a paz que sinto é imensa... 

observo então que a vida é a Escola perfeita. que o papel da mente esquizóide é estrebuchar na loucura e que bom ser perita a fazê-lo!, ora deitando-me abaixo com todas as provas de que não sou boa aluna, ora mostrando-me onde é que já devia ser mais evoluída, ora enredando-me toda, confusa, no labirinto das suas mentiras, ora passando-me a mão pelo pêlo e, com falinhas mansas, elogiando-me a inteligência e a clarividência. tudo mentira e, no entanto, o que seria de mim sem estes seus estremecimentos? como seria possível saber a verdade se nunca me tivesse contado mentiras? como poderia aprender fosse o que fosse sem ela? e vejo que incha de orgulho, importante da sua importância, e que estrebucha, agora mais mansa, para que eu acredite que até é bom, afinal, dar ouvidos à sua loucura...

sem dizer nada, o coração aproxima-se. e mostra-me como nunca foi necessário, afinal, aprender coisa nenhuma para estar aqui, viva e presente. como diz o Emídio, a vida acontece sempre sem a nossa autorização. e é um descanso sabê-lo, mesmo que daqui a nada volte a esquecer-me.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Previsões astrológicas e psicológicas para 2012

Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora.
Aviso crucial a si, leitor ou leitora:
Neste texto não encontrará as previsões tradicionais, signo a signo.
Se é isso que procura, desista já de ler.

Previsões astrológicas e psicológicas para 2012
Texto por António Rosa e Susana Vitorino
Ilustrações de Inês de Barros Baptista
Este texto/lustrações é publicado em simultâneo nos blogues dos co-autores:
assim como no «SAPO Astral» [Portugal], na revista electrónica «Hierophant» [Brasil],
e no site «Escola de Astrologia Nova-Lis»

Este texto foi especialmente ilustrado por
Inês de Barros Baptista
Conheça os seus blogues,
Também aquiaqui no Facebook

«A maioria dos homens passa a vida sem perceber e 
muitas vezes sem ao menos se perguntar,
o motivo real de sua presença na Terra.»
Trigueirinho

«...um imenso país financeiro chamado FMI»
André Louro de Almeida


Introdução

Este é um texto longo. Ainda por cima, feito a 6 mãos e 3 cabeças. Duas das cabeças dedicadas à escrita e uma, ilustrando lindamente o texto.  Desde já, o meu agradecimento à Susana Vitorino e à Inês de Barros Baptista. A Inês, com os seus vastíssimos conhecimentos de astrologia, bem que poderia estar a «escrevinhar», mas escolheu ilustrar, o que é uma enorme mais valia. É tão bom ter amigos. Como é que isto aconteceu? No Facebook, pedi ajuda pública e estas amigas ofereceram-se. É o lado luminoso das redes sociais.

Por favor, leitores, sejam espertos e não escrevam nos comentários, como costumam fazer, coisas do género: «apesar de longo...», pois isso mesmo acabou de ser confirmado.

Este texto sobre 2012 foi idealizado com a intenção de podermos fazer pedagogia astrológica, sem assustar ninguém, pois apenas pretendemos informar, educar e ajudar na discussão sobre um dos anos mais emblemáticos dos tempos actuais.
  
Susana Vitorino, que em boa hora aceitou o pedido para colaborar neste texto, é uma astróloga analista Junguiana por natureza. Excelente a fazer psicologia analítica. Fiquei muito satisfeito e feliz com esta colaboração, e o seu excelente texto está imediatamente a seguir a esta introdução. 

Com estas análises, ou entraremos numa das muitas listas negras, ainda existentes, ou muitos assobiarão para o lado, pensando mais ou menos isto: «Coitados deles!». O certo é que a Susana, a Inês e eu, apreciámos muito esta tarefa. 

O melhor será guardar este texto nos seus favoritos (para isso basta clicar no título do post e guardá-lo) ou copiar para o seu computador, para ir lendo, com calma. Por outro lado, se está à espera de previsões tradicionais do género, signo-a-signo, não vai encontrar isso. Portanto, quem avisa, amigo é.

Antes de mais, vamos dar realce a esta informação: o planeta regente de 2012 é a Lua. Curiosamente, esta luminária começa o ano estando no signo Carneiro/Áries, dando um impulso inicial a esta fase, desejando tomar iniciativas, querendo concretizar acções. Todos aqueles astrólogos que se debruçam com muita atenção sobre os eclipses que ocorrem, terão oportunidade de no ano em que a Lua é regente, verificarem que essa atenção será redobrada. Depois, será uma questão de critério e de maior ou menor ênfase nas suas análises. 

Reconheço que sou muito descuidado sobre este assunto e raramente me entusiasmo - astrologicamente falando -, sobre o tema dos eclipses e pouco tenho escrito sobre o assunto. Há astrólogos muito bem sucedidos nesta área. [exemplos de astrólogos bem sucedidos nesta área: aqui - aqui - aqui - aqui - aqui e há mais.]

Tentarmos fazer previsões para o ano de 2012, é como caminhar por um campo minado, pois tornou-se num ano mítico. Muito falado, muito comentado, muito empolado, pertence àquele género de coisas que fazem parte das convicções pessoais de cada pessoa. O ano de 2012 tornou-se num fenómeno global, onde imperam milhares de textos para todos os gostos, até deu um filme à Hollywood [aqui], gerou imensos vídeos, enfim, toda uma panóplia informativa.

Como disse, sobre o 2012 há interpretações para todos os gostos. Tentando simplificar, diria que há duas correntes maioritárias e opostas:

1 - Aqueles que advogam a possibilidade de um cataclismo tremendo para o nosso planeta: teorias e profecias sobre o calendário Maya, a existência de um planeta intruso, vários alinhamentos astronómicos e fórmulas numerológicas têm sido relacionadas com esta data, que conduzem à crença que em 21 Dezembro 2012 haverá uma ocorrência de tal magnitude, que conduzirá a profundas transformações físicas e catastrofistas do nosso planeta. Uma simples consulta no Google dar-lhe-á imensa informação sobre este assunto.

2 - E há a corrente contrária, também ela muito diversificada nos seus posicionamentos, que vão dos cientistas que rejeitam a visão catastrofista, até aos meios espiritualistas [diga-se que muito divididos] que advogam outros conceitos de transformação planetária, mas com suavidade, sem nenhuma conotação com catástrofes apocalípticas. 

Por isso, ter dito mais acima, que fazer previsões astrológicas para 2012 é como caminhar por um campo minado.

A nossa visão pessoal e astrológica sobre 2012 pertence à corrente pacífica do tema.

Não apreciamos a palavra «previsões» para estas análises que tenho feito nos últimos anos. Pois não é isso que fazemos. Mas como é assim que é chamado pela maioria das pessoas, sentimos que se deve usar, apesar de não corresponder ao estilo que desenvolvemos.

Vou colocar-me, desde já, na posição do descrente na catástrofe planetária. Crente, sim, em como o planeta está em transformação. Adianto já que estou à espera de ouvir as vozes que soarão, ao longo de 2012, com profecias a propósito da ocorrência de vulcões, terramotos, tufões, tempestades, ciclones e outros cataclismos próprios da natureza (aqui, mas da linha 'esperança' / aqui, da linha 'dura'). Mas também ouvirei as vozes extasiadas e deslumbradas daqueles que verão nestes mesmos fenómenos, temas transcendentais e místicos (aqui). Ambas as partes sentem que estão dentro da verdade universal. E, sinceramente, não sei qual delas é a mais cristalina.

Enquanto «o pau vai e vem, folgam as costas», pelo que não me importaria nada de ver uma nave ET gigantesca no rio Tejo. Isso, sim, deixar-me-ia empolgado.

Vamos mas é ler a análise brilhantíssima de Susana Vitorino, já a seguir.

Alguém acha, em consciência, que o planeta não está em fase de transformação?


Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora.

A análise de Susana Vitorino


Falar sobre o ano 2012 é um bocadinho como profanar a campa que já muitos Velhos do Restelo e Amigos da Desgraça Colectiva adornaram com tanta veemência e prazer mórbido. Vou fazê-lo. Vou profanar essa campa, ou não fosse eu Escorpião, com um Mercúrio em Escorpião (peregrino: i.e. : sem aspectos) e com uma Lua que vive de braço dado com Plutão no IC. Até já estou a arregaçar as manguinhas. E sim, trouxe a minha malinha de CSI: claro! Para recolher as impressões digitais e mentais. Para procurar vestígios do sémen de quem tem prazer orgásmico só de pensar no dia do Juízo Final, fazer esfregaços em línguas bífidas para identificação de ADN Apocalíptico e procurar vestígios de sangue. Do que já foi derramado e do que ainda virá a ser...

Porque, meus amigos, let’s face it! como dizem os “amaricanos”: Bad News are Good News.E as más notícias vendem como pãezinhos quentes. Aqui, e em qualquer parte do mundo dito ocidentalizado. Vendem livros. Vendem capas de revista. Até vendem lenços para os que choram por antecipação o fim do mundo...

Chamem-me ingénua, louca, descrente, inculta, herege (hmmm! que sensação de déjà vue...), mas não acredito em nenhuma das correntes fundamentalistas que proliferam como silvas pela internet. A saber: a corrente que dá como certo o fim do mundo, porque o Calendário Maia termina numa data específica, e outros sábios da antiguidade o apregoaram. Como se, de um dia para o outro, o mundo fizesse: PUM! e fossemos todos varridos da face da terra. Hiroshima e Nagasaki revisitados? Talvez. Mas como nos diz o Sting numa canção que compôs ainda no tempo da Guerra Fria: The Russians Love Their Children Too. Portanto, por mais bunkers e panic rooms que haja por aí escondidos por esse mundo fora.... se o Planeta explodisse, o máximo que poderia acontecer era outras formas de vida inteligente estarem a apreciar um belíssimo fogo de artifício. Se fosse uma nova bomba atómica... Bom... “Ó Maria! Temos a despensa cheia de conduto, mas agora os miúdos não têm com quem brincar.” 

Deve ser triste. Digo eu, que sou filha única e gosto de dizer coisas.

A outra  corrente, é a corrente Cor de Rosa. Já li de tudo! Desde dizerem que virá uma nave que nos vai salvar. Ou que de repente, como que por magia, o ser humano dará um salto quântico evolutivo sem dor ou privação... no fundo, o «Imagine» do John Lennon tornado numa realidade em que basta enterrar a cabeça na areia como as avestruzes, e juntar água.

As aparições de Fátima foram em 1917 e os cogumelos continuam a fazer efeito! Uau!

A História mostra-nos que tudo acontece ciclicamente. Curiosamente, a Astrologia também. Ele há coisas do Arco da Velha! MEMORANDO PARA OS MAIS DISTRAÍDOS: Tudo na Natureza é cíclico.

Sempre que houve grandes convulsões na História da Humanidade, três palavras se fazem presentes: Fome, Peste e Guerra. Como se irá revelando esta trilogia no anos vindouros? Não sei. A Fome está instalada e a Guerra também. Mas agora já não se passa só lá naquele Continente belo, exótico e convenientemente distante ao qual chamam África. Passa-se mesmo debaixo dos nossos olhos e nos carrinhos vazios de qualquer Continente... 

A Peste... Bom, a Peste já la vamos. Tal como à Astrologia.

A Peste já não é a peste bubónica - mais conhecida por Peste Negra,  que dizimou milhares de pessoas na Baixa Idade Média. Esta não é a única referência a uma Peste ao longo da História, mas é, talvez, a mais conhecida. A Peste dos dois séculos que atravessamos, para mim, (e vale o que vale, como qualquer ponto de vista ou opinião) é o Medo e a Resistência e não Aceitação da Mudança. Clinicamente chamam-lhe: DEPRESSÃO. Há uns bons meses tive uma discussão com alguém do sexo masculino (sim, porque a Depressão é uma coisa de mulheres...), e ligado à área da saúde, que quase me pegou fogo por eu ter dito isto. “E o Cancro?” - espumava ele. “E a Sida?” A SIDA, digam-me o que me disserem (até já ouvi chamar-lhe um castigo divino por causa dos loucos anos Sessenta e Setenta: Make Love not War!), tenho a convicção de que foi uma doença criada laboratorialmente. Ponto. I rest my case. Podemos discutir isso noutra ocasião.

Cancro... ainda não tinha sido concebida, já lidava com essa estranha doença que é o corpo antropofágico. E continuo a lidar. Todos os dias. Um corpo que se consome a si mesmo a partir do interior. Por mais que doa, especialmente quando é no nosso quintal, é-me muito óbvio que advém de um auto desamor, de raivas internas que consomem como lava, do medo da Vida e de depressões não assumidas e mal tratadas. Poderia agora dissertar muito sobre isso, mas deixo o link de uma das pessoas que mais considero a nível mundial sobre o assunto: Lise Bourbeau (AQUI). O seu livro “Escuta o teu Corpo” marca uma viragem na minha vida, sem dúvida.

Jung dizia que os estados de Alienação (Depressão) eram estados de passagem. Ritos internos que nos faziam parar e pôr em perspectiva coisas das nossas vidas que de outra forma não ponderariamos. Na Astrologia esses estados são-nos dados pelos trânsitos de Saturno e com uma mãozinha delicada de Plutão, por vezes. Hélàs! Que entramos na Astrologia!

A maior parte de nós, quando cai num destes estados, fica em looping. Passa a ser um hamster girando continuamente na sua roda. 

O que se avizinha para o tão temido ano 2012 e suas imediações? Onde estamos a ser teimosamente hamsters?

De tudo aquilo que o António Rosa já falou, acrescentarei algumas coisinhas que me chamaram assim pelo cantinho do olho...

Começo então a destacar os coelhos que me saltaram da cartola:

1) A famosa quadratura de Úrano em Carneiro a Plutão em Capricórnio. Cruz Cardinal. Vai-nos dar ainda muita água pela barbinha... 

2) A Cruz Mutável, com a entrada de Neptuno em Peixes e Kiron em Peixes também. A entrada de Júpiter em Gémeos. O Eixo da Cura (XII -VI) ultra activado, e o da Comunicação (III-IX) também.

3) Na Cruz Fixa, e com a passagem ainda longa de Júpiter em Touro, vamos trabalhar o nosso Eixo do Despojamento (II - VIII), quando Saturno entrar em Escorpião.


A maior parte de nós, quando cai num destes estados, fica em looping. Passa a ser um hamster girando continuamente na sua roda. O que se avizinha para o tão temido ano 2012 e suas imediações? Onde estamos a ser teimosamente hamsters? 

Como o António avisou, e muito bem, no início deste artigo – não esperem previsões por signo ou “comuns”.

Tentarei  (“Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”) compilar as três alíneas anteriores em texto corrido, quase conversado, convosco.

Antes de mais, gostaria de começar por colocar uma questão: Se andamos a viver como os hamsters na sua eterna roda giratória, então: Qual é o Caminho para sair da roda?

Eu diria que: Começar a ver para além da Matriz. E para começar a ver para além da Matriz vamos ter que começar a despir camadas e camadas e camadas de cima de nós, como se fossemos uma cebola, até ficarmos nus. Despidos. Literalmente. Neófitos.

Despojamento e retorno às origens. Voltar ao contacto com a Natureza. Gaia: Terra Mãe. A Lua como regente do ano deve ser só uma coincidência, não acham? Vivemos um movimento que nos impele para um resgate das energias Yin (femininas) e para um reequilíbrio entre Yin e Yang  (Feminino e Masculino), que tanto têm vivido desagregados e em polaridade. O Eixo da Cura, como referi, estará muito activado. Neptuno em Peixes vai requerer de nós um trabalho interno que poderá não ser nem óbvio, nem palpável. Está na altura de buscarmos as respostas dentro e não fora, pois estas estão viciadas. Sigam o vosso coração – aí reside o vosso tesouro. Para uma sociedade habituada a viver no primeiro quadrante e numa espécie de pinball no Eixo IV-X,  esta é a grande hecatombe que já começou e que o ano 2012 testará aos limites. Passo a explicar-me. 

A maior parte da população em todo o mundo (mundo ocidentalizado, industrializado e [suspostamente] educado incluído) vive entre a Casa I e a IV, fazendo ricochete para a X.

Bolas! E eu que nem pedi para nascer, mas foi mais forte que eu: Carneiro
Preciso ter roupa no corpo e comida na mesa e um tecto: Touro
Preciso de me Comunicar com os meus semelhantes:  Gémeos
Pertenço a um núcleo familiar, primeiro de sangue, depois escolhido por mim: Caranguejo
Quero sair lá para fora para o Mundo, ser alguém, mas, como não consigo sair da IV acabo por obedecer às ordens de cima – ao Governo, ao Patrão, às expectativas dos outros: Capricórnio
O resto do zodíaco é bonito para enfeitar. Especialmente se tiver o dedo mágico da Inês Barros Baptista.

Só variam os graus. Se isto for vivido na favela ou em grande parte do continente Africano, a grande questão é se vou chegar ao dia de amanhã. Se isto for vivido com mais verniz, a questão é: compro um BMW ou um Audi? Vou jantar ao 'Bica do Sapato' ou ao 'Gambrinus'? Mas a vibração é exactamente a mesma e o patamar também. Basicamente é em Touro que muita coisa se decide. Um menino do Ruanda deseja comer um prato de arroz. Um menino da sociedade dita ocidentalizada e de primeiro mundo deseja o último gadget informático.

Mais introspecção. Mais silêncio. Kiron é o regente de Virgem. Estará no seu oposto complementar: Peixes. Está na altura de pôr o dedo na ferida mais mítica do ser humano: a de que estamos sós. Ou alienamos de vez, ou iluminamos. Mas para iluminar é preciso percorrer o caminho de solitude (não de solidão) do Eremita. Erguer a candeia para alumiar os caminhos da Fé. Do Invisível. A medicina e a ciência poderão sentir-se ultrapassadas por conceitos que não querem aceitar. As Famílias Cósmicas, que fazem parte do território da Casa XII, começaram a (re)encontrar-se verdadeiramente, e não de uma forma mental. Poderão ter início exôdos como o de Atlântida – começará por se chamar Imigração. Serão anos fantásticos para aceder aos restantes 80% das suas capacidades cerebrais. Será que Neo vai conseguir dobrar  a colher?? Ver Aqui.

Tradução:
Rapaz: Não tentes dobrar a colher. É impossível. Em vez disso tenta apenas tomar consciência da verdade.
Neo: Que verdade?
Rapaz:  A colher não existe.
Neo: A colher não existe?
Rapaz: Depois verás que não é a colher que se dobra: és tu.

Bonito, não é? Pois é. Mas para que isto aconteça teremos que encontrar a nossa voz: única, pessoal e intransmissível: Úrano em Carneiro.  Está nas nossas mãos mudar. Não deixemos que a famosa frase de Gandhi, tantas vezes citada: “Sê a mudança que queres ver no mundo”, se transforme numa daquelas frases batidas e feitas. Está na altura de assumir a responsabilidade e não delegar no Pai Externo. Resgatar o poder pessoal. Plutão em Capricórnio. Tem que se ser claro e muito correcto nas intenções, senão o Senhor do Submundo arrasta-nos com ele. Rectidão, Verdade e Honestidade, são palavras a reter. Deixar de ser passivo e AGIR. (Ai, a culpa é do Governo, a culpa é do Pai Natal, a culpa é da Coca Cola… ) Agir: Úrano em Carneiro. Deitar abaixo os velhos paradigmas cristalizados e usar um bom produto anti-traças: Plutão em Capricórnio, mas sempre com rectidão, porque o Mestre Saturno não perdoa. Colherás o que semeares. Não será pacífico, como nenhuma quadratura o é. Mas as esquinas podem dobrar-se como a colher do Neo…

O António tem material mais que suficiente e esclarecedor para esta famosa quadratura. Eu apenas gostaria de deixar aqui uma referência cinematográfica para se ponderar sobre tudo isto que se está a passar no Mundo. Aconselho o visionamento do filme OS FILHOS DO HOMEM [um cheirinho, aqui], adaptado do romance da escritora P.D. James (1992) e realizado por Alfonso Cuarón em 2006 (antes de ter rebentado a grande crise, portanto!). A acção passa-se em 2027… Façam contas. Não falta muito. Percebam o lado visionário desta mulher nascida em 1920. O visionamento deste filme, poupar-me-á vários caracteres. A gerência agradece e o murro no estômago é necessário. Depois conversamos sobre a urgência de se trabalhar, honrar e integrar o feminino e o equilíbrio entre as duas energias. Hieros Gamos (ou casamento sagrado): precisa-se. Urgente.

Gostaria agora de falar um pouco sobre a passagem de Júpiter em Touro, uma vez que ela vai durar um ano, e  Júpiter só entrará em Gémeos a meio de 2012. Júpiter expande tudo aquilo em que toca. Até aqui, nada de novo. Mas um pormenor me chamou a atenção: é que durante a passagem de Júpiter quer em Touro, quer em Gémeos, a Lua Negra vai andar quase sempre de braço dado com Júpiter. Têm-me chamado a atenção várias capas de revista: nomeadamente a capa em que o tema era a droga o consumo e o tráfico, cada vez mais descarados nas universidades portuguesas. E outra em que o tema é a troca de favores sexuais entre alunos e professores, por boas notas, por passagens de ano, por dinheiro… vale tudo, menos… estudar. E ainda a procissão vai no adro. Estas conjunções da Lua Negra ao Júpiter ao longo destes dois signos são dignas de observação. O brilho de Júpiter pode ganhar contornos obsessivos, manipuladores, obscuros. Mas atenção! E aqui entra o Eixo II-VIII: todos os excessos cometidos apenas em nome do desejo, da vontade de TER, dos esquemas falaciosos, terão uma factura elevada quando Saturno entrar em Escorpião. O Fiscal das Finanças é Implacável. Aproveitem para iniciar ou voltar a estudar, escrever, expandir conhecimentos, quando o Júpiter estiver em Gémeos. Evitem o “diz-que-disse”. Evitem “emprenhar” pelos ouvidos.  Filtrar muito bem a informação que entra e a que sai. “A Verdade não se impõe, irradia.” Sejam arautos da Luz e não da vibração rasteirinha.

Não consigo terminar este assunto sem falar de dois casos lusos que me chocaram muito recentemente, mas que dão que pensar. O acidente com a actriz Sónia Brazão, e o acidente fatal  com o Cantor/Actor Angélico Vieira. Beleza e dinheiro não lhes faltava: TOURO. Famosos e badalados nas revistas com alguma assiduidade, passaram a ser capa de revista pelos piores motivos e os menos felizes. Júpiter expandiu, é um facto. A Lua Negra, fundiu. Não sei se me estou a fazer entender, até porque a Lua Negra é ainda um assunto um pouco distante para muita gente. A mim, fascina-me. (Mas, daqui a pouco isto é uma tese e não um artigo.) Para mim são sinais muito claros. Sinais de que está na altura de começar a viver o Júpiter Vertical – o que nos RE-Liga à Fonte, e não o Júpiter Horizontal, que quer sempre mais e mais e nunca está satisfeito. O Auto Indulgente. O Pantagruélico. Zeus montado em cima das ninfas ou das Mortais… Como sabemos, o resultado nunca foi bom.

Não esquecer que Júpiter é também o regente de Peixes – onde está o Neptuno e o Kiron. Resgate supremo de valores espirituais – em Verdade, não em “lindinho”. 

Para não me alongar mais, quero apenas deixar aqui uma grande acha nesta fogueira: Sedna.

Órbita de Sedna.

Glifo astrológico para Sedna
Sedna é um planeta TransNeptuniano descoberto a 14 de Novembro de 2003, anunciado ao mundo a 15 de Março de 2004. A Revolução Solar de Sedna é de cerca de 10.500 a 12 mil anos. Atingirá o seu Periélio (maior proximidade do Sol) no ano de 2076. O último Periélio de Sedna deu-se quando o planeta estava no fim da Idade do Gelo. Diz-vos alguma coisa? Há campaínhas a tocar aí dentro? Óptimo!

Este planetóide tem 2/3 o tamanho de Plutão e uma temperatura de -240º. Foi descoberto no signo de Touro. Está de momento no grau 21º de Touro.  Pela primeira vez na história da Astronomia / Astrologia foi dado a um planeta, um nome fora do panteão greco-romano. Sedna é uma Deusa Inuit, que se diz ter gerado as criaturas do Ártico. A sua história/mito tem muito em comum com Plutão. Para mim, Sedna está para a Civilização, como Plutão para o Colectivo. Sedna bem poderia ser a «Noiva Cadáver» de Tim Burton. Uma espécie de upgrade da Perséfone.

Descobri um artigo de muita qualidade sobre Sedna, entre a nossa rede bloguista. Do mais interessante que encontrei até agora a nível astrológico e psicológico sobre o tema. Queiram fazer o favor de ler no blog «Autoconhecimento e Astrologia, da Christiane» [clicar no título]. Muito bem alicerçado. Mais um para guardar.

Para que não fiquem a matutar demasiado no pseudo fim do mundo, este artigo autodestruir-se-á dentro de cinco segundos

Até já, no próximo apeadeiro*


Ilustração de Inês de Barros BaptistaProibido reproduzir sem autorização da autora.


A análise de António Rosa



Assinalo os seguintes eventos astrológicos que, em meu entender, são os mais significativos do ano, que desenvolveremos mais abaixo: 

A - Entre 2011 e 2017, Úrano, em Carneiro / Áries e Plutão, em Capricórnio, farão uma enorme quadratura no mapa do céu, que durará anos. Esperam-se mudanças tremendas em todo o tipo de governos e organizações no nosso planeta. E, em nós, também. Aguardemos para confirmar. (Um exemplo desta quadratura, aqui.)

B - Neptuno, finalmente, ingressa no signo Peixes, do qual é regente. Não vou insistir muito neste tema, pois convido-os a ler mais, aqui, pois é um assunto já tratado em 2011.

C - Júpiter ingressa em Gémeos, em Junho.

D - Saturno ingressa em Escorpião, em Outubro.

E - Vénus ficará retrógrado entre 16 Maio e 27 Junho, sempre no signo Gémeos. Assinalo isto porque Vénus só faz este movimento retrógrado a cada 16 meses.

F - Já agora, o famoso 21 Dezembro 2012, final do Calendário Maia de Contagem Longa, com o ciclo de 5.125 anos, o que alguns interpretam como o fim do mundo. No entanto, creio ser um disparate fazer uma análise ao mapa desta data. Talvez o faça na altura própria.


Mapa do Céu da quadratura
entre Úrano e Plutão

Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora


Clicar no mapa para aumentar.
Repito: entre 2011 e 2017, Úrano, em Carneiro / Áries [aqui] e Plutão, em Capricórnio [aqui], ambos em signos cardinais, farão uma enorme quadratura no mapa do céu, que durará anos. Esperam-se mudanças em todo o tipo de governos e organizações no nosso planeta. E, em nós, também. Aguardemos para confirmar. (Um exemplo desta quadratura, aqui.)

Uma mudança ligeiramente significativa em Portugal, já se deu na banda da política, e foi a eleição de uma mulher para Presidente da Assembleia da República. Poderão perguntar: que mudança é esta? E a resposta óbvia é, alguma mudança de mentalidades. Imaginem quão mortificados terão ficado os «Velhos do Restelo» mencionados pela Susana Vitorino, mais acima. No entanto, quero deixar claro o seguinte: isto que se toma como «novo», em Portugal, não é tão novo assim, pois há décadas tivemos uma mulher como Primeiro-Ministro (os mais velhos lembram-se). Por outro lado, em termos esotéricos não tem nenhum significado, apenas a relevância de ser uma mulher a presidir à Assembleia dos representantes do povo. É um tema simples, bastante pobrezinho, mas de qualquer maneira, é sempre bem-vindo. Não vale a pena deitar foguetes, porque a maioria dos políticos actuais, para terem acesso a lugares de poder no actual contexto planetário, vão aos poucos abandonando a sua alma (uma ideia do André Louro de Almeida, com a qual concordo em absoluto).

Úrano em Carneiro/Áries [coisas repentinas, o inesperado, internet] a fazer funcionar a muito esperada quadratura [uma situação tensa e difícil, como esticar e rebentar] com Plutão em Capricórnio [o poder instituído], Em signos cardinais, dando maior ênfase aos acontecimentos.



Bom, para nos situarmos de imediato: esta quadratura é a maior responsável pelos escaldantes acontecimentos ocorridos no Médio-Oriente, que todos sabemos, ainda em 2011. E vai continuar, não se ficando apenas pelo que já aconteceu. Presidentes e governos foram derrubados. Mudanças enormes a se efectuarem. E os donos dos petro-dólares sempre do lado dos vencedores, a corrompê-los. Habitualmente, associa-se Úrano à Voz de Deus. Nestes casos islâmicos, nunca melhor aplicado. É sempre o novo [Úrano] a enfrentar o poder instituído [Plutão].



Em Portugal, e tudo ainda em 2011, manifestações gigantescas da auto-intitulada «Geração à rasca», conceito que se expandiu por outros países. É sempre o novo [Úrano] a enfrentar o poder instituído [Plutão]. Outro exemplo do que falo, foi o bota abaixo fulminante do governo Sócrates. É sempre para mexer e remexer. Haveria muitos exemplos a dar, mas creio que os leitores ficarão prevenidos para novas ocorrências que seguramente acontecerão no mundo. 



Antes de avançarmos com esta parte da análise, reproduzo aqui uma citação recente [23-6-2011] e muito oportuna de André Louro de Almeida, na sua página do Facebook (aqui): «Algum economista ou académico que possa nos explicar de forma clara que tipo de DÍVIDA Portugal tem, a quem, porquê e desde quando? Se isso era previsível já em 2007? Se o problema foi de falta de competência, falta de desenvolvimento, corrupção ou inércia? É que se o racional tanto se aplicar a Portugal como aos 50 países no mundo em crise financeira séria, temos bases para conceber a situação como global, estrutural e internacional e deixar de ver Portugal como dramaticamente responsável. Portugal é guardião da Tradição Templária Joanina, a Irlanda é guardiã da Tradição Celta e a Grécia é guardiã da Tradição Egipcio-Helenica. Estes 3 países estão em processo de se tornarem sub-sectores de um imenso país financeiro chamado FMI no qual os EUA tem 17% de quota, e que reflecte claramente os interesses da comunidade da alta finança ocidental. Mas gostava de ouvir os economistas.»



Cá temos a síntese desta quadratura: «um imenso país financeiro chamado FMI». Aos quais eu acrescentaria - um imenso poder de 3 agências de rating, que apenas zelam pelos interesses americanosComo a História nos ensinou, as mudanças de ciclos dão-se em simultâneo, quando se atingem os picos. É um processo típico de Plutão que vem ser alterado por Úrano.


Outro exemplo foi o caso «Blogger» em Maio 2011. Neste caso,  Plutão era representado pelos mega empreendedores da net Google / Blogger / YouTube / Twitter /Facebook / e os grandes servidores de todo o mundo. Tinha que estourar por algum lado. Estourou pelo lado que atinge milhões e milhões de pessoas em todo o mundo: na internet. Na prática deve-se interpretar como o «poder moderno» [Plutão] sendo confrontado com a «voz de Deus» [Úrano].

Se estivermos atentos a outras notícias do mundo, percebemos que há um «grande plano» em acção significativo desta quadratura. Recordemos apenas estes casos 'inesperados' muito recentes: os EUA mataram Bin Laden e em retaliação, a Al-Kaeda, provocou o ataque bombista que matou 80 pessoas no Paquistão. Nesta quadratura, é sempre o «poder» [Plutão] a ser confrontado. Por exemplo: o «poderoso» Bin Laden, senhor da Al-Kaeda (sobrevieu a 10 anos de intensas buscas) foi confrontado e... foi abatido. O «poderoso» e atómico Paquistão, na prática, hospedeiro de Bin Laden e sua organização, foi confrontado dentro das suas fronteiras pela Al-Kaeda, a quem dava abrigo escondido e camuflado, e os seus cidadãos foram abatidos.


Quem tiver tempo e pre-disposição, leia este artigo aqui, de 2008. Mas não é para ser lido às cegas, com um grande «amén», ok? É para reflectirmos nos acontecimentos mundiais.


Também reproduzo uma citação do livro «A Violência do Mundo» (2004) de Edgar Morin e Jean Baudrillard: «A probabilidade do triunfo absoluto do capitalismo não me parece certa ainda, mas é uma grande probabilidade. Contra ela existem, cada vez mais, forças que se levantam e que se levantarão ainda e ainda. Ora, os movimentos particularistas que apenas vêem o seu próprio problema estão muito dispersos e são, assim, incapazes de criar uma resposta mundial para um problema mundial. Hoje torna-se necessário caminhar para a busca de uma resposta ou de uma multiresposta mundial para um problema que nos diz respeito a todos (...)»


Ainda mantendo-nos em Portugal, gostaria de voltar à frase «Portugal é guardião da Tradição Templária Joanina, a Irlanda é guardiã da Tradição Celta e a Grécia é guardiã da Tradição Egipcio-Helenica» [e outros países, também] para levantar esta questão, à qual não tenho respostas: que  preparam as Hierarquias Espirituais destes países para os respectivos povos e habitantes? Falando apenas de Portugal, será que esta quadratura levará a que o nosso país saia dessa 'coisa' chamada «Euro»? E se voltarmos à antiga moeda, o «escudo», como será a situação? Voltará aos níveis que tinha quando aderimos à zona Euro, ou seja, a moeda irá desvalorizar-se para metade? Já imaginou que hoje pode ter um salário 'simpático' de 1.500 euros, que na prática correspondem a 300.000 escudos (300 contos), mas que, de um momento para o outro, se começar a receber em «escudos» pode acontecer que o salário se desvalorize para metade? Se a ideia for reduzir os custos e os preços, será que as empresas vão aguentar esses salários? Há quem tenha muito menos e consiga viver. Assistiremos, nos próximos anos, a um choque emocional de proporções épicas de uma só vez? Tenciono desenvolver este assunto, mais adiante, quando falarmos mais apropriadamente em «dinheiro», na secção Saturno em Escorpião. Vá pensando nisso, se vive em Portugal, independentemente da sua nacionalidade. Ou nos outros países mencionados. Se isto acontecer, os mais novos, que nem fazem ideia do que é o «escudo» vão andar mesmo 'zarabatinados'. Lá se vão as Playstation último modelo por água abaixo, porque continuarão a serem importadas e pagas em euros ou dólares, devidamente cambiados em escudos. Podemos intuir que há claramente 2 fases para estes acontecimentos poderem ocorrer: de 2012 a 2017 e, depois, até 2022.


Outra questão igualmente pertinente é que podemos continuar todos na zona euro, mas com a existência de um «euro» com 2 ou 3 câmbios diferentes. Um «euro» em Portugal, Grécia, Irlanda ou Itália não terá o mesmo valor que um «euro» na Alemanha, Holanda ou França. (ver aqui).


Tudo isto deveria merecer a nossa atenção e aplicar a nós mesmos, ao nosso interno, ao nosso poder pessoal. Ao nosso guerreiro interno. Em simultâneo, deveríamos estar atentos à vozinha que na nossa cabeça nos tenta dizer umas coisas e habitualmente, não ligamos nenhuma. A Susana Vitorino já explicou muito bem esta necessidade interna.

Investiguem nos vossos mapas natais onde cai esta quadratura e aí terão algumas das crises das vossas vidas. Se quiserem aprofundar um pouco mais, poderão clicar aqui. Isto não é mais do que uma continuação muito cerrada a assuntos já mencionados em 2010, aquiaqui e aqui. Ou, em linhas gerais e com mais variedade, aqui. Também temos, recentemente, o caso da Moody's que classificou como «lixo» a dívida pública portuguesa - ler aqui.

Quem quiser entender, a nível mais esotérico ou espiritual, este assunto da crise económica global, recomendo que leiam as conferências de André Louro de Almeida, dadas em 1998, sobre a «Matriz Melquisedeque» [tema completo: aqui - aqui - aqui - aqui], a «Matriz Cristóide» e «24 Portais locais em Portugal», que se tornaram mais actuais que nunca. A actual crise global foi descrita em detalhe nestas conferências. O assunto em geral, anda à volta da desactivação dos pilares da actual civilização do nosso planeta.


Antes de terminar o assunto da quadratura de Úrano a Plutão, estou interessado em recordar os leitores esta sigla - BRICS. São as iniciais em inglês, de 5 países em franco desenvolvimento e que serão, no futuro, os manda-chuvas do planeta: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Tal como a ilustração nos mostra quase na totalidade, pois falta a zona verde da África do Sul. Quem gosta destes assuntos deveria deter-se na questão Norte - Sul. São países gigantescos.

«Há fortes indícios de que os quatro países iniciais do BRIC têm procurado formar um "clube político" ou uma "aliança", e assim convertendo o seu crescente poder económico em uma maior influência geopolítica. Em 16 de Junho de 2009, os líderes dos países do BRIC realizaram a sua primeira reunião, em Ecaterimburgo, e emitiram uma declaração apelando para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar. Desde então, os BRICs realizam cúpulas anuais e, em 2011, convidaram a África do Sul a se juntar ao grupo, formando o BRICS.» - Fonte: Wikipedia

O potencial económico destes países é de tal ordem que poderiam tornar-se as cinco economias dominantes do mundo até o ano 2050. Estes países mudaram os seus sistemas políticos e adoptaram o capitalismo global. Não é por acaso que eventos de magna amplitude como os Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo de Futebol se realizem nestes países. Até dá a impressão que não sofrem o efeito desta quadratura entre Úrano e Plutão. Sofrem sim, mas de outro jeito, que à maneira portuguesa dizemos assim: «Quem sofre é o mexilhão»

Em todos estes países a classe média baixa adquiriu poder de consumo, a classe média alta aumentou o seu poder e os pobres continuam a ser pobres e explorados. Talvez tenham salários um pouco melhores. Quanto aos donos do «capital», ficaram ainda mais ricos. É o lado mais sombrio da humanidade.

Não me posso pronunciar muito sobre o Brasil porque não vivo lá e desconheço, na prática do dia-a-dia, a realidade tridimensional local. Mas não é preciso ser-se um génio para se perceber que, pelo seu gigantismo, o Brasil está divido em 3 grandes partes (com inúmeras sub-culturas): as grandes metrópoles, os outros e os esquecidos de Deus. Um passeio pela blogosfera brasileira e redes sociais mostram-nos à saciedade qual a egrégora dominante actual. Devido às suas origens com imensas misturas, o Brasil é pródigo em 'espiritualidade' de todos os géneros, por sua vez, aparentemente impregnadas das mais amplas e fantásticas conciliações de diversas fontes. 

Para quem quiser aprofundar, deixo aqui o mapa mais corrente do Brasil:

Ilustração de «Meio do Céu»

«O Brasil é de Virgem (signo ordeiro sim) e o Sol formava um trígono com Saturno (ordem, disciplina) naquela tarde de 7 de Setembro de 1822 por volta das 17hs, quando D.Pedro declarou nossa independência.» - Da mesma fonte de onde recolhi o mapa, o blogue «Meio do Céu», por Haroldo Mendonça.

Para os apreciadores de canalizações vagas, mas bonitinhas, sobre 2012, deixo-vos este link, por ser bastante inofensivo, mas ser revelador de uma certa correste espiritualista.

Esta quadratura, entre Úrano e Plutão, está e estará muito activa nos nossos mapas, nos signos cardinais: Carneiro/Áries, Câncer/Caranguejo, Libra/Balança e Capricórnio.



Neptuno em Peixes

Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora
Este tema já foi muito debatido nos últimos tempos.
Seria cansativo repetir aqui.
No entanto, pode ler uma análise completa sobre Neptuno em Peixes, clicando aqui.
Também aqui.


Mapa do Céu quando
Vénus ficará retrógrado entre 16 Maio e 27 Junho,
sempre no signo Gémeos.
Assinalo isto porque Vénus só faz este movimento retrógrado a cada 16 meses.

Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora


Clicar para aumentar.
O mês de Junho 2012 será marcado por eventos de grande importância planetária, pois irão ocorrer 3 momentos de grande significado para o nosso planeta, a saber:

1 - A 11 de Junho o planeta Júpiter ingressa no signo Gémeos, o que só ocorre a casa 12 anos.

2 - Vénus ficará retrógrado entre 16 Maio e 27 Junho, sempre no signo Gémeos. Assinalo isto porque Vénus só faz este movimento retrógrado a cada 16 meses.

3 - A 24 Junho vai verificar-se a quadratura exacta, no grau 8, entre Úrano e Plutão. Uma série de conjunções exactas.


Para mim é nos planetas retrógrados, quer natais, quer em trânsito, que vejo a “Inteligência Superior” a funcionar através da Astrologia, como linguagem meta-superior ou divina.

Procuro ver os retrógrados para além da “função interior da mente”. Entendo como sendo um estado de alma. Nesse sentido suspeito que ultrapassa a mente, indo directo às emoções, porque é destas que parte a vibração de como vivemos na crosta do planeta.

Um planeta numa situação de retrógrado, está de igual maneira para os 3 corpos da materialidade do ser humano - físico, mental e emocional. Por serem os corpos descartáveis de Nós mesmos, enquanto Seres. Porque a aprendizagem do ser humano é feita através da interacção da energia do planeta com os corpos da materialidade.

Existe “ali” uma certa dificuldade em se realizar. As “coisas” têm que ser feitas dentro de um registo peculiar que difere de planeta para planeta. Em linguagem corrente podemos chamar “medo” a esse aprisionamento do retrógrado. 



Um retrógrado, para mim, é como se quisesse dizer: “tens que fazer o exame para poderes prosseguir os estudos”. Que estudos? Os de mim mesmo. Acredito que sou apenas um corpo e vivo apenas para o materialismo mais imediato? Ou acredito que sou uma Alma provisoriamente num corpo, para fazer a experiência da fisicalidade?

É nesta subtil divisão que o retrógrado pode manifestar-me: se há um certo trânsito e transcendo-me... Habitualmente, com dor e sofrimento. Porque tenho que Me merecer a Mim mesmo. É aqui que entram as múltiplas definições de “destino”. E foi nesta base que a Astrologia perdeu credibilidade no fim do século 19 até aos anos 80, quando Plutão ajudou a que esta arte fosse recuperada e massificada.

A irredutibilidade do chamado “destino” enquanto “obrigação” de cumprirmos o que supostamente nos é atribuído. Ou esse “destino”, enquanto construtor da minha própria vida”. É aqui que os trânsitos dos retrógrados me obrigam a escolher.

- Ou escolho repetir e repetir e repetir. E aí estamos perante aquilo que se chama (e bem) de “função interior da mente”. E repito, repito, repito… sem querer ver que estou sempre a cair no mesmo padrão limitativo. 

É mais óbvio de constatar quando o planeta está Rx no natal. É a percepção equivocada que Eu sou apenas o meu corpo e gero os padrões repetitivos que atraio para mim mesmo e que me faz "pensar" e "dizer" que "não tenho sorte", ou que "tenho azar" (no amor, na saúde, no trabalho, etc.)

- Ou escolho não repetir. E aí estamos perante a função superior do Ser, através da Alma. Conseguimos sair dos padrões. Realizando e reconstruindo o próprio destino. Aqui Plutão e Saturno em trânsito têm uma enorme responsabilidade na actuação desse retro, levando com eles o lixo psíquico que temos em enorme quantidade.

Vénus retrógrado em trânsito em Gémeos

Neste signo da adolescência, em que o Ser ainda não atingiu a sua polaridade sexual, Vénus retrógrado indica uma instabilidade afectiva nas existências anteriores, nas quais a pessoa vivia o amor como um jogo meio leviano; deve agora aprender a se comprometer seriamente. resistindo à tentação de jogar os seus parceiros um contra o outro!

Vénus trata do Amor com maiúsculas. Estou a imaginar a cara de muitos espiritualistas à espera de textos mais conformes com as suas crenças. O Amor é universal. E ponto!


Vou facilitar a vida dos leitores dando umas pistas do significado deste trânsito retrógrado pelas casas nos mapas natais. Tratem de constatar se as ideias contidas nessas mini-pistas vos servem: clicar AQUI.

Mapa do Céu do ingresso de Júpiter em Gémeos
no dia 11 Junho 2012, às 18h22 TMG (Lisboa, Londres...)
Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora

«Para que um indivíduo possa manifestar-se livre e criativamente, num planeta de quarta dimensão, é necessário uma atitude mental completamente diferente da atitude humana actual.»
André Louro de Almeida

Júpiter está em exílio ou detrimento no signo de Gémeos, pois este está em oposição ao signo de Sagitário, do qual é regente. Antes de mais nada, relembro a bela interpretação de Susana Vitorino, sobre este Eixo da Comunicação. Júpiter entrará neste signo no dia 11 de Junho.


Durante alguns dias de Junho 2012 vamos assistir a um fenómeno raro no signo Gémeos: os benéficos do zodíaco, Júpiter e Vénus, terão a companhia do todo poderoso Sol e a nada depreciável ponta sul do Eixo Nodal. E a juntar-se à festa, a Lua vai bater à porta. A comunicação e a mensagem estarão em alta. 


Como este ajuntamento em Gémeos vai coincidir com a quadratura partil (em grau exacto) de Úrano a Plutão é de esperar uma enorme controvérsia em todo o mundo. Não faço ideia que evento seja esse que irá provocar uma autêntica explosão nas informações dos media.




Alguém se lembra da série de tv «V»? Uma coisa dessas poderia provocar tamanho alvoroço. Isto sou eu já a delirar, depois de vários dias à volta com estas análises. 


Mas nas nossas vidas pessoais as coisas estarão igualmente em ebulição, variando apenas em que casas temos nos nossos mapas natais os signos de Gémeos, Carneiro e Capricórnio. O melhor é aguardar, tanto mais que Júpiter não se sente cómodo neste signo, por estar em detrimento.


Lembrei-me agora que em Junho realizar-se-á o 14º Campeonato Europeu de Futebol, na Polónia e na Ucrânia. Será muito comentado. Outros eventos internacionais que terão muita repercursão são estes: o Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II [se ainda for viva] que marca o 60 º aniversário da sua ascensão ao trono do Reino Unido; o centenário do naufrágio do «Titanic»; eleições presidenciais na França; Jogos Olímpicos de Verão de 2012 em Londres; e, obviamente, as eleições presidenciais dos Estados Unidos da América.


Olhando para todo o ano de 2012, o mês de Junho será bem mais «forte» do que o famigerado dia 21 Dezembro 2012. Se pensarmos que em Maio anterior verificar-se-á o eclipse solar anular, tudo isto deve funcionar de forma intensa. Mas os especialistas em eclipses já se encarregarão de analisar esta particularidade, tanto mais que em Novembro ocorrerá um eclipse solar total, visível no nordeste da Austrália e no Pacífico sul.

Aproveitando que estamos a tratar de Júpiter em Gémeos, e apenas pelo sentido que isto possa ter para qualquer um de nós, deixo a seguir as datas de diferentes calendários, tendo como referência o ano de 2012:



Calendário gregoriano - 2012 - MMXII
Ab urbe condita - 2765
Calendário arménio - 1461
Calendário chinês - 4708 – 4709
Calendário hebraico - 5772 – 5773
Calendários hindus
- Vikram Samvat - 2067 – 2068
- Shaka Samvat - 1934 – 1935
- Kali Yuga - 5113 – 5114
Calendário persa - 1390 – 1391
Calendário islâmico - 1433 – 1434
Calendário rúnico - 2262


É caso para perguntar: ‘Então, em que ficamos? Com tantos calendários que existem, ficámos todos travados apenas no Calendário Maia de Contagem Longa?

Nesta parte do artigo, contrariamente ao que tenho feito mais para trás, em vez de deitar uma olhada ao mundo no seu geral, irei dedicar a análise mais à pessoa em si, do que aos fenómenos mundiais ou nacionais massificados.

O compasso de «espera» que se vive actualmente, com Júpiter em Touro, uma espécie de «estar à espera de algo», será mudado para um maior frenesim. Por exemplo, a blogosfera neste momento vive momentos de maior calmaria (vejo por mim próprio), excepto para aqueles que são eternamente saltitantes, indo aqui e acolá, em busca de comentários para os seus próprios espaços. Este grupo específico da internet irá ao rubro quando Júpiter entrar em Gémeos. O mesmo se passará nas redes sociais. O Facebook vai enfrentar uma séria concorrência com o novo projecto «Google+», uma nova rede social a emergir. Ver aqui a demo. Tudo isto entrará em grande expansão já em breve. Sei bem do que falo, pois tenho o signo Gémeos muito acentuado no meu mapa. E tanto!

Ora, esta agitação frenética, está no extremo oposto daquilo que os «Instrutores» [não confundir com «Mestres»] mais credenciados em língua portuguesa recomendam: silêncio e interioridade. Deixo apenas 3 nomes que eu pessoalmente aprecio muito: Trigueirinho, André Louro de Almeida e Satyaprem. Não meto mais ninguém nesta lista muito selecta e reduzida, tá? Também não entra nenhum astrólogo nesta lista, tá? O resto que anda por aí são meros «aprendizes» de qualquer coisa. São muitos e adoram chamarem-se «Mestres» uns aos outros. Pronto, lá desatei a minha tola língua geminiana. Nem São Pancrácio me vai ajudar.

Júpiter transitando em Gémeos pode manifestar-se na pessoa, na forma de um conhecimento amplo, uma necessidade de querer saber «tudo». Isto pode provocar uma grande dose de superficialidade, ou um conhecimento teórico sem nenhum apoio da experiência prática. Para evitar que assim seja, de tão tridimensional e cerebral, é necessário, que as pessoas de Gémeos, Sagitário, Peixes e Virgem consigam subir uma oitava superior e se esforcem por contactarem os seus os seus guias, anjos ou hierarquia espiritual. Aí, verificarão as diferenças.

Júpiter ao transitar pelo signo de Gémeos indica amor pela filosofia e pelo estudo de ideias importantes na história da religião, da espiritualidade, do esoterismo, da educação, do direito e da filosofia. A resultante expansão da mente abre novas linhas de comunicação e áreas de contacto social, que trazem benefícios em viagens, na escrita, no estudo e nos negócios relacionados ao desenvolvimento de novas ideias. E, sobretudo no desenvolvimento pessoal. Vale a pena reler este texto de André Louro de Almeida, aqui.

No entanto, é necessário um cuidado extremo na utilização do nosso corpo mental, pois pode induzir-nos em equívocos constantes. Os neurologistas já descobriram que, para os neurónios, não existe diferença entre algo vivido e algo imaginado. É tudo a mesma coisa, sendo a cilada, a potencialidade da nossa mente, nos mentir. É preciso sentir. É fundamental validar o que o coração nos pede.

As pessoas neste trânsito irão passar por uma curiosidade intelectual que poderá levar ao desenvolvimento mental, e, assim, poderem ser considerados intelectualmente avançados, mesmo que não tenham recebido uma educação formal.

Júpiter em Gémeos pode proporcionar ampla compreensão intelectual que abrange diversas áreas. As pessoas tendem a ser mentalmente inquietas, a realizar muitas viagens e dedicar-se superficialmente a muitas áreas de estudo.

Aqui, tenho que citar o brasileiro Satyaprem, de forma pouco comum, deixando um link e o leitor que vá lá ler: aqui. Apesar de eu gostar muito deste moderno Instrutor, reconheço que ele é um falador incansável. Só que aprecio o ‘main speach’ dele.

Se levada a extremos, essa actividade mental pode produzir um diletante intelectual. Contudo, a grande variedade de diferentes experiências intelectuais permite que estas pessoas reúnam o perfil geral das tendências sociais, políticas e históricas, o que lhes dará insights sobre o futuro e o destino da humanidade. Pois é! Preso por ter cão, ou preso por não o ter. Se não se faz silêncio, fica tudo em torno do ego. Se se faz um silêncio enorme, pode-se perder um posicionamento astrológico que permite sucessivos insigths, visões.

Obviamente, que a questão é sempre a mesma: que visões tenho? Serão como aquelas muitas pessoas que não me conhecem de lado nenhum, excepto desta coisa dos blogues e do Facebook e que me escrevem a anunciarem-me as maiores desgraças só porque sonharam comigo? Deixem-me respirar fundo. Até já aconteceu uma cliente telefonar para o centro «Cristal de Cura», onde dou consultas de astrologia, a solicitar uma consulta urgente porque tinha tido um sonho comigo. A data foi marcada e cancelada pela própria cliente 48 horas depois, com o argumento que tinha recebido uma iluminação para não ir. Só mesmo rindo. Depois dizem-me que ando céptico e que maltrato as pessoas, englobando muita gente numa coisa que chamo de «espiritualidade lindinha»

Devido ao trígono natural de Gémeos com Balança/Libra e Aquário, estas pessoas atraem muitos conhecidos e pseudo-associados, e assim podem ampliar os seus horizontes intelectuais em direcções novas e incomuns. Esses contactos sociais também podem proporcionar oportunidades para a expressão criativa da mente.

A lição de Mercúrio em Virgem, mostra-nos que o conhecimento mais preciso, detalhado, vem da experiência directa no trabalho pessoal. Este trânsito de Júpiter, ao contrário, corre o risco de criar um erudito sem nenhuma prática, a não ser que outros factores no mapa encorajem a experiência prática. 


Mapa do Céu do ingresso de Saturno em Escorpião
no dia 5 Outubro 2012, às 21h34 TMG (Lisboa, Londres...)
Ilustração de Inês de Barros Baptista.
Proibido reproduzir sem autorização da autora
Clicar para ampliar.
«...um imenso país financeiro chamado FMI»

«O Eixo do Despojamento»
Susana Vitorino
«Os Estados Unidos saem sempre mais fortes das fases finais dos ‘ciclos longos’ e a sua capacidade de aprender com a história, a partir do exterior, e capazes de se adaptarem às novas realidades, construírem sobre o que já existe e não perderem tempo, como fazemos na Europa, revendo constantemente o que já foi resolvido
Luis Riestra Delgado
Economista espanhol
Profundo conhecedor de astrologia.
Texto  daqui.
Para amenizar esta parte do texto, aqui fica este vídeo.


Este trânsito é, sem dúvida, o tema mais escaldante de 2012. Saturno inicia o seu trânsito por Escorpião. Convém não nos esquecermos que estamos a viver sob a influência do gigantesco ciclo Saturno - Plutão, que dura sensivelmente 40 anos. Estamos na ponta final e numa das fases difíceis. Recomendo que leiam o texto sobre esse assunto, aqui.

O actual ciclo iniciou-se em 1982, com Saturno ainda em Balança, mas já a preparar-se para ingressar em Escorpião. Com a conjunção entre estes dois planetas, deu-se início a uma era de prosperidade e de inclusão social. As ditaduras tremeram e caíram, excepto 2 ou 3 casos (Cuba, Coreia do Norte). Entretanto, o ciclo evoluiu e está em fase decrescente.

Quando falamos do ciclo Saturno-Plutão, a nível mundano [países, regiões, planeta] estamos sempre a tratar de dois assuntos em simultâneo: economia e finanças. Saturno rege a economia e Plutão, as finanças. E ambos, em aspecto, podem tratar de outro tema: a guerra.

O actual ciclo Saturno-Plutão iniciou-se com a conjunção em 1982. Desde então, este ciclo passou por três picos muito importantes: uma quadratura em 1993, uma oposição em 2001 e a actual quadratura que teve início em 2010. O ciclo terminará com um novo, ainda um pouco distante no tempo: a conjunção de Janeiro de 2020, em Capricórnio. É importante lembrarmo-nos que esses eventos têm uma duração muito mais ampla. Ocupa um período de cerca 2 a 3 anos, pois há que contar com as retrogradações e os diversos encontros e aproximações que os planetas fazem entre si.

Tudo isto para reafirmar que em 2012 ainda estaremos sob o efeito da quadratura de 2010. E aquilo que assistimos no momento é a esta crise mundial, sendo intensamente prejudicados pela avidez e ganância de uns quantos, contra o resto do mundo.

O que realmente dá para vermos é que 3 agências de rating norte-americanas são o rosto visível do Governo Sombra do nosso planeta. Sabendo-se que a dívida norte-americana está praticamente descontralada, estas agências continuam a dar a notação máxima dos «AAA», como se tudo estivesse no melhor dos mundos.

Obviamente, a verdadeira «guerra» chama-se dólar versus euro.

Se isto, o dinheiro (dos outros), não é assunto de Escorpião, vou ali e já venho.

Como muito bem se sabe, há diferentes abordagens para o mesmo posicionamento astrológico. Há pessoas que se ficam pelo lado mais esotérico ou espiritual da interpretação, assim como há outras que são mais pragmáticas e analisam pelo lado mais terreno e tridimensional. Tentaremos fazer uma abordagem mista.

Convém relembramos que até Outubro de 2012, Saturno permanece em Balança/Libra, signo onde este planeta encontra a sua exaltação. Saturno gosta de estar nesta zona do zodíaco. Ao ingressar em Escorpião, a mudança será sentida imediatamente, pois não se sente confortável em signos do elemento Água.

Procedi a uma breve investigação dos acontecimentos mundiais ocorridos na última vez que Saturno esteve em Escorpião (1982 a 1985) e é muito interessante percebermos, em retrospectiva, a forma como este planeta associado a este signo funcionaram, numa altura de crescimento económico mundial e não de crise aberta como a que hoje se vive. Percebe-se, de alguma maneira, que os países que constituem o actual BRICS estiveram muito em foco com estes acontecimentos dignos de nota:

a) 1982 foi o Ano Internacional de Mobilização pelas Sanções à África do Sul, pela ONU, dando início às enormes mudanças de regime verificadas naquele país, que hoje é conhecido como um dos 5 grandes países emergentes no mundo.

b) Deu-se a maxi-desvalorização do cruzeiro no Brasil que provocou que milhares de desempregados promovessem uma onda de saques ao comércio da cidade de São Paulo. Foi um choque emocional em grande escala, que mexeu com o planeta. Pouco depois ocorreu o fim do regime militar brasileiro, com a eleição indirecta do primeiro presidente civil em 20 anos, seguindo-se as primeiras eleições directas para as prefeituras (Câmaras municipais) das capitais. O Brasil entrou em depressão económica profunda, mas os seus governantes souberam cumprir com o plano acordado com o FMI, fazendo daquele país, actualmente, um dos mais prósperos do planeta.

c) O Reino Unido e a República Popular da China assinaram o tratado inicial para a devolução do território de Hong Kong à China em 1997. Mais tarde, Portugal fez o mesmo com Macau. Era a criação de um país e dois regimes económicos: o comunista e o capitalista. O esclavagismo encoberto na China ainda não tinha desaparecido (nem sei se desapareceu). A China é um dos grandes detentores da dívida pública dos EUA. Ironias do nosso planeta.

d) O soviético Mikhail Gorbatchov foi eleito secretário-geral do PCUS (Partido Comunista da União Soviética). Foi o ponto de partida para o desmantelamento da União Soviética e o surgimento de inúmeros países. A Rússia, hoje em dia, faz parte do BRICS.

e) A primeira-minista Indira Gandhi foi assassinada, com tudo o que foi de terrível na época, mas os seus sucessores descobriram que ela deixara um Estado avançado e preparado para enfrentar as grandes potências mundiais. Hoje, é parte integrante do BRICS, por mérito próprio. O outsorsing dos EUA beneficiaram directamente a Índia, provocando desequilíbrios enormes na América, nomeadamente na área da informática.

Além destas ocorrências nos actuais BRICS, aconteceram no mundo eventos muito significativos neste período em que Saturno transitou por Escorpião:

- A Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, dando início à Guerra das Malvinas, contra a Inglaterrra. Raúl Alfonsín foi eleito presidente da Argentina, substituindo o último presidente da ditadura.

- Em Portugal, Mário Soares foi eleito para o cargo de primeiro-ministro e incrementou a permanência, por direito próprio, na União Europeia e posterior adesão ao «euro».

- Deu-se invasão da minúscula Granada pelas forças norte-americanas. Ronald Reagan defendeu a intervenção com a necessidade da defesa dos interesses norte-americanos. Estava na cara que era um recado que os EUA queriam dar ao mundo, a anteceder o fim da «Guerra Fria», com o desmantelamente da antiga URSS.

- A película «Gandhi» arrebatou oito estatuetas no Oscar desse ano. Com todo o simbolismo pacifista que a película possui. A Índia de Gandhi, actualmente, faz parte do selecto clube BRICS.

- Oscar Niemeyer concebeu o Sambódromo, com tudo o que isso acarretou de prestígio para o Rio de Janeiro e o Brasil. Maravilhoso.

- Aconteceu o Live Aid, que foi assistido por mais de um bilião de pessoas.

- José Saramago publicou o livro «Memorial do Convento», iniciando a sua caminhada até ao Prémio Nobel, anos mais tarde.

- Michael Jackson lançou o seu lendário álbum «Thriller», tornando-se no álbum mais vendido da história  da música.

- A Espanha tornou-se membro da NATO, reforçando o poderio estratégico concedido ao Atlântico Norte, em detrimento de outras regiões do globo.

- A Apple lançou o computador Macintosh, que viria a revolucionar a história da computação.

Depois destes breves apontamento sobre os acontecimentos mais relevantes da anterior estadia de Saturno em Escorpião, vamo-nos debruçar sobre o momento actual.

Mas antes disso, convém olharmos um pouco para o simbolismo de Saturno: o mestre, o velho sábio, o eremita, o monge, as pessoas idosas, os avós, os antepassados. O juiz, o agente governamental e o polícia. O pai, o professor e o patrão (em simultâneo com o Sol). Os inimigos e os falsos amigos. E as suas funções são: delimitação, fronteira, diferenciação, selectividade, contracção, contenção, auto-controlo, realismo, amadurecimento, inserção social (como Júpiter, mas com um sentido mais hierárquico e estrutural — baseado no respeito e na adequação às regras e aos valores instituídos), superego, sombra (sentido junguiano), cristalização e materialização, medo e sentimento de culpa, vergonha.

Como olhar para Escorpião? 

O signo Escorpião apresenta estas características positivas básicas: magnéticos, enérgicos, intensos, independentes, solitários, corajosos. O lado menos luminoso pode apresentar-se assim: arrogante, obstinado, destruidor, manipulador, sugador emocional. Acção luminosa de Escorpião: o perseverante. Acção sombria: o destruidor. Pensamento luminoso de Escorpião: o profundo. Pensamento sombrio: a pessoa obstinada. Sentimentos luminosos de Escorpião: a pessoa poderosa. Sentimentos sombrios deste signo: o sugador emocional. Frases deste signo: Eu desejo – Eu manipulo – Eu quero. Palavra-chave: Intensidade.

Juntar este dois - Saturno e Escorpião -, não é propriamente a visão do Paraíso. É o planeta a mudar as  regras sociais, a alterar os planos político-ideológico. Como nos aguentaremos nesta barca tão insegura? Nenhum governo sabe. Nenhum político sabe. Nenhum banqueiro sabe. Eu, também não.

Que lado você irá escolher para a sua vida? A acção luminosa ou a sombria? O menu está servido e a escolha é sua.

Alguém duvida que este posicionamento astrológico irá trazer um acentuar daquilo que se vive hoje em dia e que chamamos de «crise»?

Uma coisa tenho a certeza: estamos todos a atravessar uma enorme mudança planetária. O sistema económico dominante vai desaparecer para dar lugar a um novo paradigma, que não se sabe ainda qual será. Excepto no seguinte conceito: o «Ter» irá dar lugar ao «Ser». Leiam e escutem um dos três grandes «Instrutores» do mundo lusófono - Satyaprem (aqui) e perceberão do que estou a falar. Dou outra ajudinha, no final deste texto, com a transcrição de um magnífico texto de outro «Instrutor», o português André Louro de Almeida.

Não vos quero deixar mais nervosos, por isso, o restante texto é de tom mais pessoal e não tanto dedicado à «astrologia mundana».

Saturno ao transitar pelo signo de Escorpião vai indicar responsabilidade em assuntos financeiros, como recursos corporativos, finanças conjuntas, impostos, heranças, seguros e questões relativas a propriedades alheias. Esta é a visão tridimensional deste trânsito.

A actividade nos negócios provavelmente irá lidar com financiamento empresarial, seguros, contabilidade, impostos. Se Saturno estiver sob tensão em Escorpião, podem ocorrer conflitos a respeito de heranças, impostos e finanças conjuntas, que, com frequência, provocam batalhas legais e perdas através de litígios.

As pessoas terão tendência a serem mais perfeccionistas no seu trabalho. Tentarão melhorar a estrutura do status quo. Se esta tendência for levada a extremos, podem adquirir a reputação de pessoas muito duras. Irão demonstrar pouca paciência com atitudes que reflectem preguiça ou má vontade no trabalho, pois não aceitarão a falta de perseverança nos outros, bem como em si mesmos. Há o potencial de utilizarem muita energia e força de vontade em realizações práticas.

A grande aprendizagem deste trânsito será a nível emocional, pois tudo será muito intenso, sobrecarregando o corpo com elevados níveis de tensão, podendo dar lugar a doenças muito graves. Vamos todos precisar de aprender a lidar com estas situações, de maneira calma e eficiente à medida que surgem. Meticulosidade, persistência e determinação são a regra de Saturno em Escorpião, proporcionando um impulso para o sucesso, igualado apenas por algumas outras posições. Falei em sucesso? Sim, mas na balança, do outro lado está a derrocada, o falhanço. Mais uma vez, somos nós quem escolhe.

Notar-se-á no ar o desejo ardente de mais autoridade e lutarão muito para realizar as suas ambições; se utilizam ou não meios honestos, dependerá dos aspectos de Saturno. É necessário que  pessoas percebam que é um trânsito rigoroso, pois seremos capazes de nutrir profundo ressentimento quando sentimos que fomos tratados injustamente. A possibilidade de fanatismos é muito grande.

Quando Saturno em trânsito estiver sob tensão com outros planetas, pode existir tendência a intrigas e conspirações. Podem também estar presentes o desejo de vingança e incapacidade para esquecer ofensas passadas.

Recomendo muito cuidado com as questões de saúde.

Quero deixar este pensamento: esta nossa humanidade é muito recente no nosso planeta. Estamos cá à apenas 12.000 anos. Isto comparado com o tempo de vida do planeta, quer dizer qualquer coisa. Os esotéricos chamam à nossa civilização, a 5ª Raça Raiz. Já coabitam no nosso planeta a 6ª Raça Raíz, que se perdeu um pouco pelo caminho, mas já começaram a chegar os integrantes de uma futura civilização a ser construída.

Em 12 mil anos passámos da condição de nómadas bípedes a construtores de arranha-céus. Esta nossa civilização convenceu-se que poderia dominar o nosso planeta. Como se isso fosse possível! As consequências estão à vista.

Será mesmo que já removeram os pilares desta nossa civilização? Eu penso que sim.

Pareceu-me oportuno terminar esta secção dedicada à entrada de Saturno em Escorpião, com umas palavras de André Louro de Almeida, que escreveu em 2008 e se mantém actuais, podendo ser encontrada no Facebook, clicando aqui.


«Um plano para "recuperar a economia" é, nesta etapa, um artificio para ganhar tempo. Esta crise foi criada em gabinetes secretos para forçar as nações do mundo a aceitarem regimes para-totalitários Com base no medo e na insegurança e não será por medidas económicas que pode ser evitada, pois está desenhada para eclodir, com ou sem planos financeiros de emergência.

A crise é artificial mas tem um imenso poder. E tem poder porque a Humanidade adormeceu e se fixou em símbolos de valor que são insuficientes para representar o Homem. A nossa moeda é uma moeda-número e não uma moeda-trabalho ou uma moeda-inteligência ou uma moeda-sensibilidade, representa um valor quantitativo divorciado da qualidade do homem.

O poder deste tipo de instabilidade para gerar pânico só é possível na medida em que as pessoas perderam amplitude emocional e serenidade existencial em relação aos "símbolos de valor". As agências obscuras que despoletaram esta crise fazem-no na certeza de que o valor é representado por quantidade-dinheiro e não por qualidade-dinheiro. E sem um símbolo de valor, consensual, uma sociedade desagrega-se rapidamente.

E a crise significa que chegou o momento da Humanidade, começando pelos que detêm o poder politico, financeiro e executivo, compreender que os nossos "símbolos de valor" - entre eles o dinheiro, um dos mais interessantes e eficazes - servem para criar a sequência: 


1 Desenvolvimento » 2 Sustentabilidade » 3 Saciabilidade » 4 Identidade » 5 Liberdade » 6 Pesquisa » 7 Libertação

... não para funcionarem como uma droga irresponsável que mantém o planeta em transe.
  
Desta crise pode emergir uma moeda-qualidade: uma forma de dinheiro desconhecida, que depende directamente da qualidade psíquica da vida para ter qualquer valor. Esse é o cenário futuro positivo. Uma nova moeda baseada no Ser. Uma moeda que simbolize valor real: trabalho + sustentabilidade ecológica + qualidade social + expansão de consciência.
  
Se assim não for creio que teremos rapidamente que recuperar a nossa relação rural com a Natureza.

Isto implica que o momento do reencontro e reunião, daqueles que estão interiormente em contacto com o plano para a iluminação da Terra, nas áreas de protecção às quais se sentem ligados, está a aproximar-se.»

Eckhart Tolle - 2012 e o fim do mundo
Duração: 1h 09m 06s






PARTE FINAL

Tal como fiz nas previsões para 2011, agora, em voz colectiva:

Só para si. Em voz baixa, muito baixinho.
Aqui fica um conselho apenas a quem realmente leu este texto.

«Esqueça-o, vire-lhe as costas e viva o seu dia-a-dia, fazendo surf com a vida.»
Contra nós, falamos, obviamente.

 O melhor mesmo é consultar um bom astrólogo, que não invente coisas,
nem diga tolices, pois trabalhará exclusivamente sobre o seu mapa pessoal.

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