pequenos lagos, todos eles contendo o mar, incluindo o dos teus olhos, a maré descendo mansa e revelando uma cidade construída com a areia e com as pedras, as palavras que escorregam dos meus dedos quando quero falar das coisas e não sei usar palavras.
- sabem a sal, já reparaste?
- sabem a sal, já reparaste?
a gosto.
férias grandes.
todas as vezes que chorei a contra gosto, grandes lagos de água doce, incluindo os dos meus olhos, as marcas da felicidade nos joelhos que esfolei a tentar trepar as lages onde ardia a minha infância, crostas de árvore, a resina dos pinheiros a sangrar rente aos poentes, o riso fértil das searas e o desgosto quando as histórias são contadas no pretérito imperfeito das crianças inocentes.
era uma vez uma menina.
era uma vez uma cidade.
era uma vez uma mentira.
era uma vez uma saudade.
coisas que nunca mais foram, e que hoje são uma outra coisa, mas que queremos agarrar e pôr a boiar nos lagos. pequenos lagos de água doce, incluindo o dos teus olhos, sempre que mergulho neles e que me sabem a sal, sempre que corro para o mar e me debruço a reflectir sobre o céu que espelha em mim. agosto e sinto o gosto das marés que me enchem, me esvaziam, o naufrágio nos teus braços, as minhas margens de corpo, todas as sombras que se abatem quando a noite nos permite entrever os nossos vultos, hemisférios que se encaixam na grande roda das estações e da verdade inexorável de que não há como fazer com que não gire.
agosto como a gosto te apresentei à minha relva e semeámos o que chamámos de bicho e como achei que me comia as entranhas e me deixava exactamente as mesmas marcas, as mesmas crostas dos pinheiros da minha infância
era uma vez uma menina.
era uma vez uma mentira.
o pretérito perfeito das coisas que nunca acabam: apenas dão lugar a outras, e sempre à laia de presente. a dádiva de nos usarmos para descobrir quem somos. pequenos lagos de água mansa, incluindo o dos meus olhos, quando te ofereço às profundezas do meu medo, quando enfim vem à tona a minha força e me descubro a ser o mar que os teus olhos me revelam.
todas as vezes que chorei a contra gosto, grandes lagos de água doce, incluindo os dos meus olhos, as marcas da felicidade nos joelhos que esfolei a tentar trepar as lages onde ardia a minha infância, crostas de árvore, a resina dos pinheiros a sangrar rente aos poentes, o riso fértil das searas e o desgosto quando as histórias são contadas no pretérito imperfeito das crianças inocentes.
era uma vez uma menina.
era uma vez uma cidade.
era uma vez uma mentira.
era uma vez uma saudade.
coisas que nunca mais foram, e que hoje são uma outra coisa, mas que queremos agarrar e pôr a boiar nos lagos. pequenos lagos de água doce, incluindo o dos teus olhos, sempre que mergulho neles e que me sabem a sal, sempre que corro para o mar e me debruço a reflectir sobre o céu que espelha em mim. agosto e sinto o gosto das marés que me enchem, me esvaziam, o naufrágio nos teus braços, as minhas margens de corpo, todas as sombras que se abatem quando a noite nos permite entrever os nossos vultos, hemisférios que se encaixam na grande roda das estações e da verdade inexorável de que não há como fazer com que não gire.
agosto como a gosto te apresentei à minha relva e semeámos o que chamámos de bicho e como achei que me comia as entranhas e me deixava exactamente as mesmas marcas, as mesmas crostas dos pinheiros da minha infância
era uma vez uma menina.
era uma vez uma mentira.
o pretérito perfeito das coisas que nunca acabam: apenas dão lugar a outras, e sempre à laia de presente. a dádiva de nos usarmos para descobrir quem somos. pequenos lagos de água mansa, incluindo o dos meus olhos, quando te ofereço às profundezas do meu medo, quando enfim vem à tona a minha força e me descubro a ser o mar que os teus olhos me revelam.
Oh Inês...
ResponderEliminarque texto tão maravilhosamente poético