sábado, 15 de janeiro de 2011

o baile dos pares ímpares


a Teresa é casada com o Francisco que se separou da Marta que namora com o Gonçalo que a engana com a Rita que está noiva do Duarte que viveu com a Madalena que gostava do Manel que casou com a Carolina que é amante do João que é casado com a Ana que se anda a fazer ao Vasco que se enrolou com a Mafalda que é casada com o Tiago que se separou da Vera que gostava do Tomás que é marido da Francisca que se quer separar dele porque gosta do António que viveu com a Margarida que se separou do Jorge que casou com a Matilde que se apaixonou pelo Ricardo que é casado com a Sara que é amante do Afonso que viveu com a Mariana que agora vive com o Rui que vai para a cama com a Zé que vai para a cama com o Xico que vai para a cama com quem calha... e todos amam e desamam, todos dançam e desdançam e assim prossegue o baile dos pares ímpares...

2 comentários:

  1. Amei...Excelente este texto! Inês, parabéns pela criatividade, você é uma artista!!!

    Cristina Rios

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  2. vivemos, pois, numa "idade" sem porquês. Os pares eram tradicionalmente ímpares, com as mulheres a desfeiarem-se entre as fraldas do mais novo, a cozinha, as limpezas, as lavagens, e os homens, entre os seus pares, entre copos e "mulheres da vida" (que as outras não eram da vida). A primeira reacção de quem se pensa "igual" ao "ex"dono é a imitação. Não serão talvez mais felizes que as suas avós, que não é na imitação do outro que se encontra a si. Sem juizos morais, que a moral do passado, ainda presente, não nos reconhece a nós, mulheres, seres com vida, desejos, pensamento próprio, fora da fronteira do lar, moldadas para a doçura, a generosidade, a abnegação, o amor incondicional.

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