sexta-feira, 15 de julho de 2011

let's go to the movies!

sintam-se :) é grátis! e em vez de meros espectadores, aproveitem para verificar como, todos os dias, inventam os vossos próprios enredos, normalmente no género dramático, e se perdem a vê-los, em sessões doentiamente contínuas que se vão projectando nas vossas cabeças.
'why do we make films?' é hoje a pergunta no mural do Emídio. 'because we like to go to the movies?' é a minha pergunta. e vejo como nenhum porquê? tem nunca resposta, apenas um rol infidável de novas perguntas. e é aí que o filme começa... apaguem a luz e assistam.

para já, não há argumento, apenas um facto. simples, como todos os factos. escolham o que quiserem, com a condição de ser só um facto. por exemplo, 'está sol'. por exemplo, 'o meu filho está doente'. por exemplo, 'não tenho dinheiro.' por exemplo, 'fui despedida'. por exemplo, 'a minha relação acabou.'
se se ficarem pelo facto em si mesmo, não há filme nenhum. mas então lá se vai a distracção, o entretenimento da mente e, com medo de que o vazio possa surgir, rapidamente um simples facto serve de mola para mil argumentos.

reparem... um, dois, três... acção!

'está sol e a relva tão seca, coitada, se ao menos chovesse mais logo, sempre poupava na conta da água. assim vou ter de ligar a rega automática, mas que chatice estar tanto calor, deve ser esta coisa do aquecimento global, não me lembro de alguma vez ter sentido o sol tão intenso, não há dúvida de que demos cabo de tudo, é muito possível que venha aí uma seca como não temos memória e o que será de nós e da Terra se não chover durante que tempos? como é que vamos sobreviver?...'

'eu logo vi que ele estava doente, que chatice, cheio de febre e logo hoje, que não tenho com quem o deixar. e com tantas olheiras, coitado, ai custa-me tanto vê-lo assim, sofro sempre que vejo o meu filho sofrer. não o devia ter deixado ir à piscina, eu sabia que não devia... mas é tão difícil contrariá-lo. eu bem que lhe disse, 'põe o chapéu!', 'sai da piscina que estás cheio de frio!', mas não me liga nenhuma, nunca liga ao que eu digo... parecia que estava a pedi-las... mas, afinal, não sou eu a mãe dele? onde é que eu falho, meu Deus? como é que o deixei ficar na piscina? e agora queixo-me que esteja com febre? parece que estava a pedi-las, ou não? e é muito bem feita, para a próxima, quando lhe disser para sair da piscina, sai mesmo! ai, mas coitadinho... parece que a febre está a subir... custa-me tanto vê-lo doente... e logo hoje, que não tenho com quem o deixar e com mil coisas para fazer...'

'estou falido... merda da crise e dos cabrões dos políticos que deram cabo deste país! e quem paga é quem não tem culpa nenhuma... os juros da casa a subir, as prestações do carro atrasadas, os putos sempre a pedirem mais coisas... como é que o dinheiro há-de chegar com tantos ladrões por aí? é tudo a roubar, tudo a roubar... e o pior está para vir! e depois ainda dizem que o dinheiro não traz felicidade... atrasados mentais!... é tudo a roubar, tudo a roubar...'

'isto não fica assim, juro que não fica... era o que faltava! dez anos de casa e posta na rua desta maneira. quer dizer... eu sou posta na rua e a puta da L., que não faz nenhum e se anda a roçar pelas paredes, continua com o seu lugarzinho... não há direito! aposto que faz favores ao patrão... estou mesmo a vê-la, com aquela carinha de sonsa, na volta vai para a cama com ele... mas eu, que sempre fui íntegra e nunca lhe dei uma abébia, sou posta na rua... mas juro que vou pôr-lhe um processo, vou mesmo. posta no olho da rua desta maneira, era o que faltava! enquanto não me vingar não descanso... vão ver, ah mas vão mesmo, vão ver do que eu sou capaz...'

'eu sabia! eu sabia que ele tinha outra! o mentiroso, o farsante... sempre a dizer-me que era o trabalho, que as reuniões se prolongavam pela noite adentro, que tinha assuntos para despachar... aldrabão! como é que pôde enganar-me desta maneira?! e que lata! vir dizer-me que a nossa relação acabou!... assim, sem mais nem menos... e confrontei-o 'tens outra, não é?' e nem assim confessou, o palhaço! são todos iguais, todos iguais! homens... tarados! mas vou descobrir quem é a galdéria com quem anda metido. vai ter de me dar explicações. vai ter de contar-me, tintim por tintim, há quanto tempo é que anda a comê-la... aldrabão! mentiroso! palhaço!...'

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boa:) há sessões a todas as horas, para todos os gostos e argumentos bem mais complicados, bem mais dramáticos e, normalmente, com fins infelizes. e grátis, que sorte!

1 comentário:

  1. De uma certa maneira demos o mesmo recado...e isso não é a primeira vez que acontece! Me refiro ao meu último post no Dinamica...
    We are all one!!!
    Beijão!
    Astrid Annabelle

    *partilhadíssimo no FB e no G+

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