sábado, 9 de julho de 2011

abre-te, abre-te, abre-te...

a história - metáfora, parábola ou o que quiserem chamar-lhe - foi contada pelo Emídio, durante um workshop da Sombra. e é a história de nós todos, sempre a querer mudar os outros...

pense num botão de rosa, à espera de florescer. insista as vezes que quiser, pedindo que o faça para si, naquele momento em que o deseja e apenas porque acredita que esse é o momento certo para admirar as suas pétalas. fique o tempo que quiser a olhar para ele e a pedir-lhe que se abra. canse-se à espera. desespere porque não cede. invoque tudo o que aprendeu sobre 'pensamento positivo', releia, as vezes que quiser, as passagens de 'O Segredo', acenda velas e medite, entoe os mantras do youtube, reescreva as frases que copia com a cabeça, um pouco daqui e dali, mentalize o seu poder e repita para si mesmo 'whatever the mind wants, the mind can achieve' ou outra coisa parecida. leve-se a sério. não desista. repita o ritual todos os dias. de frente para o botão de rosa, feche os olhos e repita: abre-te, abre-te, abre-te... 
espiritualize-se e emane para aquele ser 'energias amorosas' e 'bons fluídos' - que hoje em dia estão na moda e são bem vistos. e no dia em que, finalmente, o botão de rosa abrir, sinta o seu ego a inchar de vaidade e de orgulho e de alegria e diga ao mundo: consegui!... 
e passe ao botão seguinte, delirante com o poder que sente em si, com a prova irrefutável de que é graças a si que aquela rosa conseguiu enfim florir, com a ilusão de que controla a vida alheia... enquanto isso, no seu peito, murcha a esperança de dar rumo ao seu milagre. e o seu botão - a sua alma - irá murchando, sem talvez nunca saber o que é florir.

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