não foi sequer premeditado, um dia apeteceu-lhe e pronto! justificou-se e escreveu a despedir-se, ah não sei quê e a humanidade quer é espanto e não porquês e mais isto e mais aquilo e então this is the end e muito obrigada a todos.
bluff?!
não. não era bluff. não era, que tivesse consciência, nenhuma farsa, não tinha cartas na manga e nesse dia, a essa hora, em que pôs fim ao chorrilho de palavras que a esventravam, acreditou que estava a salvo. do quê? nem ela sabe. e já nem sequer lhe interessa, salvar-se seja do que for, ou condenar-se a qualquer coisa, tanto lhe faz.
apego, é. vai-se a ver e é só isso. a humana idade tornando-se familiar a cada passagem de ano, o hábito da pele a transpirar ou a tremer, a sombra condensada sobre as pálpebras, a luz que tanto a vem espreitar dos sonhos, o carácter distorcido das mentiras, a brancura da verdade, as palavras, sempre as mesmas!, combinando novas frases e iludindo as perspectivas, a aventura da matéria que apodrece ao mesmo tempo que alimenta a eternidade,
que milagre!
e afinal aqui está ela. e tanto faz a quem chamo ela. tanto faz a quem chamo eu. tanto faz quem somos nós. a humana idade dos porquês é, afinal, deliciosa!
(diz o outro e muito bem)
sobretudo porque nunca tem resposta e, quando tem, ela varia e avaria e repete a sensação que se tem perante o espanto, afinal sempre é verdade, que queremos espanto, muito mais do que porquês. ou porque sim, ou porque não, vai dar ao mesmo.
ou talvez não.
e o que constato é que, vista daqui, ela se ri às gargalhadas. não faço a menor ideia se é de espanto, felicidade, masoquismo, insensatez, esquizofrenia, não me interessa. por mais que a queira controlar, nunca consigo. por mais que a cale, ela não cede e tem voz própria e faz o que lhe dá na gana. não sei se é original ou se uma cópia do que seja e, de novo, não me interessa e a ela também não. nada lhe pesa, ela é apenas a que sopra e é difícil traduzir quando é vento o que se sente aqui por dentro.
bluff?
bluff?!
não. não era bluff. não era, que tivesse consciência, nenhuma farsa, não tinha cartas na manga e nesse dia, a essa hora, em que pôs fim ao chorrilho de palavras que a esventravam, acreditou que estava a salvo. do quê? nem ela sabe. e já nem sequer lhe interessa, salvar-se seja do que for, ou condenar-se a qualquer coisa, tanto lhe faz.
apego, é. vai-se a ver e é só isso. a humana idade tornando-se familiar a cada passagem de ano, o hábito da pele a transpirar ou a tremer, a sombra condensada sobre as pálpebras, a luz que tanto a vem espreitar dos sonhos, o carácter distorcido das mentiras, a brancura da verdade, as palavras, sempre as mesmas!, combinando novas frases e iludindo as perspectivas, a aventura da matéria que apodrece ao mesmo tempo que alimenta a eternidade,
que milagre!
e afinal aqui está ela. e tanto faz a quem chamo ela. tanto faz a quem chamo eu. tanto faz quem somos nós. a humana idade dos porquês é, afinal, deliciosa!
(diz o outro e muito bem)
sobretudo porque nunca tem resposta e, quando tem, ela varia e avaria e repete a sensação que se tem perante o espanto, afinal sempre é verdade, que queremos espanto, muito mais do que porquês. ou porque sim, ou porque não, vai dar ao mesmo.
ou talvez não.
e o que constato é que, vista daqui, ela se ri às gargalhadas. não faço a menor ideia se é de espanto, felicidade, masoquismo, insensatez, esquizofrenia, não me interessa. por mais que a queira controlar, nunca consigo. por mais que a cale, ela não cede e tem voz própria e faz o que lhe dá na gana. não sei se é original ou se uma cópia do que seja e, de novo, não me interessa e a ela também não. nada lhe pesa, ela é apenas a que sopra e é difícil traduzir quando é vento o que se sente aqui por dentro.
bluff?
pode ser...
o mais provável, no entanto, é ser o vento do outono a aproximar-se de repente.
Sem comentários:
Enviar um comentário