sábado, 25 de junho de 2011

não desligue...

não desligo.
ah, sempre esta dúvida, afinal, sempre este medo de que o 'meu' técnico se volte a ir sem deixar rasto, mas ele ri-se e, ao rir-se assim, respira em mim, eu respiro nele, somos só um. 
quero fazer-te uma pergunta... - digo eu.
muito bem, assim há muito mais intimidade entre nós dois - responde-me ele, ao reparar que já o trato por tu.
como é que eu sei que não me estou a projectar em ti?
somos só um! - responde-me ele.
e rimos juntos da pergunta.
a seguir, ele fica sério, e outra vez cheio de doçura.
só projectas se me quiseres encontrar fora de ti.
fico calada, grata por haver alguém que me diz sempre a verdade e, mesmo assim, estou fartinha de saber que caio nisso muitas vezes.
não te culpes! - diz-me o técnico. 
que bom é ter uma voz iluminada a falar-me aqui de dentro! - digo-lhe eu.
muito bom, não tenhas dúvidas! mas de pouco ou nada serve a minha voz iluminada, a não ser que essa voz iluminada seja a tua.
que irritante, tu baralhas-me!
tu baralhas-te! - ri-se o técnico.
nós baralhamo-nos, então, é mais justo se a coisa for posta assim.
como queiras, és sempre tu que decides! uma coisa é certa, no entanto: ao mudares, os outros mudam.
e o que é que isso tem a ver com esta conversa?
tudo tem a ver com tudo, minha querida. só estou aqui para te lembrar.
que se eu mudar os outros mudam?
sim. ou então não aguentam ver em ti o que ainda não conseguem ou não querem ou não sabem mudar neles e, nesse caso, vão-se embora. 
andas a ler o Emídio?
ahahahaha! essa é boa! deixa lá o Emídio sossegado e não contornes a questão para a qual tanto queres uma resposta. sê honesta! mereces ser honesta, mereces ter a verdade de ti mesma. é de ti, e só de ti, que não queres e que não podes desistir, de certeza que te lembras de o ter escrito!
lá estás tu a irritar-me!
lá estás tu a irritar-te!
às vezes tenho a sensação de que ando em círculos. dou voltas e mais voltas e mais voltas apenas para chegar à conclusão que não saí do mesmo sítio.
agora estás a ser injusta! se olhares bem para os teus círculos, hás-de ver neles o movimento das espirais. é certo que sobem e descem e que nada te garante que só subas, sem que tenhas de descer, uma e outra e outra vez. mas já não estás onde estiveste. sobes cada vez mais alto, desces cada vez mais baixo. chama-se a isso consciência.
achas que sim?
não acho nada! só estou aqui para te mostrar o que tu tão bem já sentes.
e não desligas?
ah, agora és tu que me estás a irritar!...
mas somos um, ou não te lembras?
ok. então, dentro desse um, dividimos as tarefas: eu sopro e tu materializas. pode ser?


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