domingo, 26 de junho de 2011

às vezes, apetece desistir e... ponto.

mandar as sombras passear, fazer de conta que, afinal, nunca estivemos face a face, que aquilo que eu vejo em ti, ou em ti, ou em ti só pode ser problema teu. que é de certeza um trauma teu não me tratares com gentileza, é de certeza uma mania embirrares tanto comigo, é de certeza falha tua andares para aí sempre a mentir. e essa coisa de seres bruto vem-te de onde? essa arrogância, essa pose convencida, que vergonha!, não te ensinaram a ter mais educação? então porque é que és malcriado?...
sim, apetece desistir e permitir que a vida siga na mentira de eu não ser igual a ti, nem a ti, nem a ti e sem sair da minha zona de conforto. porque é difícil assumir que não sou gentil comigo. é tramado embirrar com a minha mãe, com a minha prima, com o meu tio, apenas porque me devolvem onde é que eu sou a queixinhas e onde é que eu sou a vaidosa e onde é que eu sou mesmo estúpida! 
é complicado descobrir-me a ser tão bruta, apanhar-me a ter inveja, confrontar-me com os ciúmes, não ter mais como fugir de ser uma convencida, não ter mais como não ver onde é que sou desonesta, não haver nenhuma hipótese de negar que também sou vingativa... é um choque perceber que a culpa não é tua, não é minha, não há culpa, há apenas consciência.
há apenas uma escolha:  a de amordaçar as sombras - correndo o risco de que saltem cá para fora, sempre sem aviso prévio e desatando a causar danos e doenças e desgostos, ou permitir-lhes que se mostrem, que se exprimam e que, enfim, sejam aceites, abraçadas, integradas, mesmo quando parece que não são nossas.
e, então, e por mais difícil que seja, uma vez dado o primeiro passo, o caminho não tem volta. tem buracos e tem esquinas e tem curvas apertadas, tem subidas muito íngremes e descidas muito a pique, tem todas as armadilhas que se possa imaginar, mas... é de sentido único!
é um caminho que se faz a caminhar: a cada dia mais um pouco, a cada pouco mais um passo, a cada passo mais do tudo de que todos somos feitos.

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