sábado, 2 de outubro de 2010

ultrapassadas as primeiras barreiras

de obstáculos - a saber: escolher o template, as cores, as descrições mais ou menos sumárias do que isto não é ou vai ser ou já se adivinha, a fotografia para que as palavras tenham um rosto - o sábado acaba. sinto que a luz já não se condensa na relva e que, afinal, não fui passear, como e com quem gostaria, nem imprimir uma mandalma, como devia e que tem de estar pronta daqui a dois dias, nem almocei nada de jeito e que passei todo o dia sentada à frente do computador e agora doem-me as costas e adoraria que me fizessem uma massagem.

muito bom, para primeiro dia, portanto. e aquela coisa do 'não faças planos para a vida para que a vida não estrague os planos que tem para ti' também hoje se encaixa de forma perfeita na tarde que acaba. e, no entanto, dentro da minha cabeça - que infelizmente não posso arrancar nem consigo ainda aquietar com nenhuma técnica zen - um porquê azucrina-me. ultimamente, tem sido sempre o mesmo porquê, a inquietação de não estar a ser movida pelo meu coração mas por um quindecile que a minha Vénus faz a uma Lua taurina. o que significa, traduzido para leigos, uma 'obsessão'.

as 'obsessões', todos sabemos, são doentias e raramente conduzem a desfechos felizes. mas parece que insisto - ainda - neste padrão. que ainda só vou a meio do caminho nessa descida ao abismo plutónico e que, volta não volta, desato outra vez a trepar por ele acima, com o pânico de que me engula para sempre e eu asfixie. bem diz o António que o mergulho é sem escafandro e as vezes que foram precisas para, enfim, regressarmos à tona irreconhecíveis. mesmo assim, há dias em que fico uma verdadeira medricas e em que não quero saber de mais nada a não ser voltar para a margem segura onde nada se passa e olhar para o abismo apenas de longe.
isso não cura e eu já sei, ficar na margem não cura ninguém. mas hoje queria tanto ter ido passear de mão dada e, se possível, partilhar as paisagens de olhos fechados e manter-me assim, quieta e feliz, até que a noite chegasse e me levasse ao colo para a cama. 

pois sim, há um tempo para tudo e isso às vezes consola. mas, hoje, esse compasso da espera desafina-me toda, que merda!

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