segunda-feira, 15 de novembro de 2010

não sei se quando nos vamos embora daqui


nos transformamos em anjos, em luz, em poeira de estrela, em ETs ou noutra coisa qualquer, o que sei é que, de vez em quando, tu me abres as asas, me abraças, e não é como se ainda estivesses aqui, porque não sinto o teu peso,  não há gravidade na força com que me abraças, não é como se ainda pudesses fazer alguma coisa por mim - pegar-me ao colo quando estou mais cansada, ir deitar as crianças, ajudar-me a trazer a lenha para cima, ir buscar a viola e cantar - não é nada disso, mas apenas a tua presença benigna a rondar-me, a tua imensa generosidade a acolher-me, a tua esperança a acordar-me e a eternidade a surgir, de uma forma tão clara, à minha frente... tal como neste desenho da Vera, feito para a história do Índigo, de vez em quando é assim que me sinto, contigo abrindo-me as asas e eu cabendo nelas inteira e em paz.

3 comentários:

  1. ...sorri ao ver inesperadamente a imagem, sorri noutro tom ao ler ... é bom passear, num final de noite, pelas tuas palavras ... um beijo, um abraço azul!

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  2. O momento mais difícil na vida de qualquer pessoa é quando um ente que amamos é levado desta vida e, mesmo tendo a certeza de que a vida continua em algum outro plano de existência, não é fácil conviver com a dor e o vazio deixados em nossos corações após a sua partida. Mesmo experimentando esse sentimento que dilacera a alma, é justamente nesse momento que precisamos praticar o desapego, para que aquele a quem amamos siga o seu caminho ao encontro da vida eterna, sem levar consigo o peso da preocupação com aqueles que aqui permaneceram. Mas é preciso ter a certeza de que os sentimentos que nos uniram durante toda a vida jamais morrem e que em algum momento haverá um reencontro. O espírito é eterno e cada vida, uma etapa na existência.
    Há seis anos atrás perdi meu pai, a quem eu era bastante ligada, e foi a certeza na vida eterna que me deu coragem para seguir em frente.

    Cristina Rios

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